Condições necessárias para a concretização de operações com Business Angels e com Venture Capital

“Magic”, “Management”, “Market”,  “Money”

 

Possuir um projecto suportado num adequado Plano de Negócios é condição sine qua non para que um jovem empreendedor possa vir a ter a possibilidade de um Business Angel ou de uma Sociedade de Capital de Risco serem seus parceiros de “aventura”. O Plano de Negócios assume assim um papel fundamental, pois é um documento que permite, por um lado ao empreendedor, atingir o seu grande objectivo – angariar o capital necessário ao seu negócio – por outro lado, aos investidores possuírem uma ferramenta útil na análise da oportunidade de investimento que lhes é apresentada pelo empreendedor.

 

O Plano de Negócios deve assim dar a conhecer de uma forma eficaz o seu “sonho” aos capitalistas de risco. Para isso deve basear-se nos chamados quatro “Ms” :

 

·         A MAGIA: O capitalista de risco tem de visualizar e estar comprometido com o seu “sonho”. O Plano de Negócios tem de o convencer que a sua oportunidade de investimento não se baseia apenas em “fumos e espelhos”, mas sim numa verdadeira solução a um problema ou oportunidade existente.

 

 

·         A EQUIPA DE GESTÃO: “O investimento está no ‘jockey’, não no ‘cavalo’!”

A qualidade da equipa de gestão é um dos indicadores mais importantes de um investimento de capital de risco, potencialmente bem sucedido.

O Plano de Negócios tem de convencer o capitalista de risco que a equipa de gestão (Directores Executivos/Principais Gestores) está apaixonada, preparada e mantém sempre muita atitude!

 

·         O MERCADO: A pesquisa apropriada, compreensão e selecção de uma indústria, mercado e clientes alvo são importantes ao sucesso potencial de uma empresa financiada por capital de risco.

O Plano de Negócios tem de convencer o capitalista de risco que o mercado alvo é grande, ou está a crescer, e que existe um plano sólido para conquistar e manter uma quota de mercado significativa.

 

·         O DINHEIRO: É sobre ele, ou mais propriamente sobre o negócio, que o capitalista de risco toma a decisão de investimento. Sendo assim, o Plano de Negócios tem de o convencer que a estratégia financeira adoptada se baseia em suposições sólidas e comprovadas, que o preço da empresa está correcto, e que existirá um ROI (Return on Investment) significativo.

 

Porém importa igualmente recordar que os Business Angels e as Sociedades de Capital de Risco (SCR) que actuam na área do Venture Capital tentam identificar, antes de mais, os aspectos do empreendimento que estão a analisar que apresentam maior vulnerabilidade e avaliar se esses riscos são de natureza controlável. Concretizando esta ideia e recorrendo ao exemplo de um projecto – criação de uma nova empresa – estes investidores de risco costumam identificar quatro potenciais fontes e tipos de risco:

 

a)         Risco de Desenvolvimento: trata-se de estudar se será de facto, possível conceber e produzir o produto/serviço imaginado em condições eficientes.

É importante para a SCR tentar perceber mais sobre o produto ou serviço e da tecnologia utilizada, sendo também importante analisar a posição dos concorrentes.

 

b)         Risco comercial: uma vez que se conseguiu desenvolver a produção em condições favoráveis, torna-se fundamental saber se será possível colocá-lo no mercado de forma competitiva, nomeadamente através da análise das cinco forças[1] competitivas que segundo Porter (1992) determinam a rentabilidade de uma empresa.

 

c)         Risco de Gestão : tendo sido concebida uma política comercial eficaz, há que estudar se será possível obter lucros interessantes por via da margem ou do volume;

 

d)         Risco de Crescimento: estando dominadas áreas da produção e do marketing de forma eficiente, trata-se de avaliar o potencial e a viabilidade do crescimento do negócio.

 

Em princípio, caberá aos promotores a criação de uma resposta ao primeiro tipo de risco. Se os investidores de risco se virem obrigados a colaborar nessa área, isso costuma ser já um grave indicio de vulnerabilidade porque tais situações levam a consumos de tempo e de recursos financeiros não contabilizados, mas que causam desgastes na capacidade financeira e na estrutura dos investidores.

Os dois riscos seguintes, comercial e de gestão, deverão ser os únicos aceitáveis pelos investidores de risco, uma vez que se trata de áreas nas quais eles detêm competências específicas e nas quais poderão acrescentar maior valor às iniciativas.

Quanto ao último risco, há quem diga que estes investidores também detêm os instrumentos ideais para o gerir. Além disso, muitos dos projectos em que o risco de crescimento assume particular relevo não costumam oferecer perspectivas de rentabilidade que satisfaçam os elevados objectivos exigidos quer pelos Business Angels quer pelas SCR.

 

Em resumo, podemos afirmar[2] que seja qual for o cavalo (produto), corrida de cavalos (mercado), ou pontos (critério financeiro) é o jockey (empresário) que determina fundamentalmente se os investidores participarão ou não no projecto que lhes foi apresentado.

 

Embora a generalidade deste tipo de investidores tenham as suas próprias rotinas de avaliação, refinadas e melhoradas a partir da experiência, todas elas tentarão, no entanto, detectar o mais cedo possível se o empreendedor tem capacidades altamente desenvolvidas para fazer face ao:

 

·         Esforço        capacidade de levar em frente os seus planos contra todas as ameaças e desilusões que aparecem no decurso do projecto.

·         Risco           capacidade de avaliar permanentemente o risco quando formula os seus planos.

·         Liderança    caso não possua as duas capacidades anteriores o empresário deverá ser capaz de recrutar uma equipa que as possua e provar que é capaz de a liderar com sucesso.



[1]     Barreiras à entrada, Produtos Substitutos, Concorrentes, Fornecedores e Clientes.

[2]     Journal of Business Venturing, 1985


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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