Medidas Necessárias à Dinamização do Venture Capital Português

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Na sequência do meu recente artigo "Capital de Risco: No pasa…nada" recebi alguns comentários e telefonemas contribuindo para a transmissão de ideias para o Acordo "Seed Capital" a que me tinha referido no citado artigo.

Lembrei-me então de algumas das ideias que a propósito deste importante tema já tinha tido oportunidade de escrever e que pela sua actualidade- vidé por exemplo a decisão da histórica 3i em deixar de investir em early stage e do impacto que essa decisão poderá ter junto da maioria dos players da Indústria de CR europeia e em particular da portuguesa, já por si adversa a investimentos nestes estágios de desenvolvimento como aliás as estatísticas o têm demonstrado- volto a deixar à consideração dos seguidores do meu Blog.

Isto assente, não é difícil concluir que a referida ausência de investimento começa no próprio sector que não conseguiu ainda resolver aquela que é uma das principais causas do seu atraso estrutural: a ausência de execução.

E porque começa aí, é também por aí que deve começar uma mudança que passe necessariamente por dar execução a um conjunto de acções e actividades – a que já me habituei por apelidar de "acções âncora" – aptas a potenciar o financiamento em projectos em fase inicial de desenvolvimento.

Refiro-me nomeadamente:

(i) ao lançamento de uma forte campanha de divulgação dos mecanismos de apoio financeiro que se encontram actualmente ao alcance dos empreendedores bem como das vantagens associadas ao financiamento via capital de risco (vidé os excelentes resultados obtidos ao nível da Garantia Mútua em consequência da forte campanha de comunicação por esta realizada);

(ii) à criação de um Concurso Nacional de Planos de Negócios, devidamente orçamentado (em França, esta iniciativa conta com € 30 milhões) e de abrangência a toda a comunidade de empreendedores portugueses;

(iii) à criação de Fundos de Capital de Risco Universitários, com o envolvimento não somente do meio universitário mas também de Business Angels, Private Equity, Corporate Ventures, etc;

(iv)ao lançamento de um Plano Nacional de Incubadoras e de Parques Tecnológicos, tendo em conta a sua elevada apetência para a melhoria da performance de negócio das empresas e aceleração do seu desenvolvimento;

(v)à implementação de uma estratégia sustentada de crescimento das Corporate Ventures a nível nacional, baseada numa politica de investimentos em projectos portadores de inovações tecnológicas comercialmente atraentes;

(vi)à adopção por parte dos Organismos do Estado de mecanismos favoráveis à adjudicação de serviços a start-ups (nos EUA foram adjudicados às start-ups serviços correspondentes a mais de 23% do total dos seus orçamentos);

(vii)à potenciação da actuação dos Business Angels, através da implementação de um enquadramento fiscal favorável ( EUA, Reino Unido e França, permitem deduzir à matéria colectável entre 20% a 25% dos investimentos realizados em projectos "early stage") e da criação de mecanismos de apoio à dinamização regional dos clubes de Business Angels;

(viii)à participação dos fundos "private equity" noutros fundos de menor dimensão (ex: adquirindo unidades de participação de fundos de Capital de Risco universitários) e, finalmente, a mudança de atitude por parte dos gestores das SCR perante os projectos em fase "early stage", que se deseja muito mais distanciada de uma postura típica da Banca de Investimentos e mais orientada para uma lógica assente no potencial de valorização que a oportunidade única, identificada por empreendedores qualificados, poderá assumir no mercado.

A execução efectiva do conjunto de "acções âncora" atrás referidas, impõe-se como alternativa eficaz para, não só repor, mas sobretudo ampliar no mercado de "Venture Capital" português, o tão indispensável financiamento "seed capital", no âmbito do qual o esforço das várias entidades a actuar neste sector é igualmente imprescindível.

 


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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