10 Mitos sobre a Inovação

 

Partilho convosco este artigo, do qual encontrei informação no blog brasileiro conhecido como o “Blog do Marcelão” e que nos tráz uma nova leitura do tão mediatizado e celebrado conceito de inovação.

O livro recentemente lançado “The Other Side of Innovation: Solving the Execution Challenge” do consultor indiano Vijay Govindarajan, em co-autoria com Chris Trimble argumenta que a maioria das pessoas pensa que a inovação está intimamente relacionada com a geração de ideias quando, de facto, está mais relacionada com a entrega, pessoas, processos.

Face à escassa existência de investigação no campo de execução da inovação, os autores apresentam uma investigação real sobre este assunto ao longo da última década.

Para os autores, a geração de ideias está na extremidade direita do processo de inovação, sendo a sua parte enérgica e glamorosa. A execução, por seu turno, aparece no back-stage, é o trabalho duro sem o qual as grandes ideias não tomarão corpo, nem mesmo em start-ups.

Eis os 10 mitos sobre a inovação mais comuns referenciados pelos autores:

1. A inovação está totalmente relacionada com ideias: Este mito é bastante conhecido e se alguém ainda pensa assim, precisa de rever urgentemente os seus conceitos. A geração de ideias é apenas o início do processo. Trata-se apenas da ponta do iceberg. É claro que sem ideias, não é possível inovar, mas isso não é o suficiente. É preciso atenção, disciplina e recursos para que as ideias se transformem em verdadeiras inovações. É preciso muita constância de propósitos, pois inovar é um processo de risco que enfrenta sempre adversidades que podem levar a desistência da ideia inicial. Como diz o consultor Stephen Kanitz, não basta ter iniciativa (ideia), tem que se ter a “acabativa” (inovação);

2. Um grande líder nunca falhará ao inovar: Quando a ideia, que possibilitará a inovação surge, é preciso entender que o processo de execução não é nada simples. Haverá conflitos pela partilha de recursos com as operações em andamento. É o chamado “Dilema da Inovação”. Um líder, por mais empreendedor que seja, necessitará de apoio organizacional para enfrentar conflitos como este;

3. Os líderes inovadores efectivos são subversivos na luta contra o sistema: Líderes inovadores efetivos não são necessariamente aqueles que mais assumem riscos ou são mais rebeldes. A virtude principal de um líder inovador eficaz é a sua humildade. O que você quer é a integração com as operações do mundo real, não uma confusão indisciplinada e caótica. Deve-se, pois, procurar ter uma equipa equilibrada, desde que este não seja um equilíbrio estável, mas sim dinâmico. Afinal de contas, o equilíbrio extremo também é prejudicial e inovar também significa ter os pés assentes no chão;

4. Qualquer um pode ser um inovador: Este mito é bastante conhecido. Nem todos estão dispostos a correr riscos. Muitos simplesmente não têm o menor interesse em inovar. Preferem ficar nas suas zonas de conforto a ter que aumentar as suas zonas de esforço em busca de grandes inovações e realizações;

5. A inovação real acontece de baixo para cima: Qualquer iniciativa de inovação, independentemente do nível organizacional de onde ela tenha surgido, exige um compromisso formal de toda a cadeia administrativa. Além de exigir a atenção e os recursos patrocinados pelos executivos da alta administração, é preciso ter uma infra-estrutura organizacional que favoreça a experimentação e o aprendizagem com o processo de inovação. Não basta o apoio unicamente do tipo chuveiro (Top-down) ou do tipo bidê (bottom-up), é preciso apoio do tipo hidromassagem, vindo de todos os lados;

6. A Inovação pode ser incorporada dentro de uma organização já estabelecida: Está claro aqui o pensamento do consultor Vijay Govindarajan. Quem já assistiu a palestra sua, sabe que ele defende que é impossível gerar inovação descontínua competindo pelos mesmos recursos com operações contínuas que estão em andamento na organização. Segundo Vijay, a inovação descontínua é simplesmente incompatível com operações em curso. Ele defende que as equipas devem ser separadas de forma a dedicarem-se totalmente a esse processo(assunto do próximo mito);

7. Implantar a inovação requer uma mudança organizacional completa: O que se espera é que a inovação seja um alvo. Para isso é preciso respeitar as operações existentes. Uma abordagem que o consultor Vijay Govindarajan defende é que sejam utilizadas equipas dedicadas a estruturar esforços inovadores;

8. A Inovação somente ocorre em esforços isolados: A inovação não deve ser isolada das operações em curso. Deve haver uma conexão entre ambas. Quase toda a iniciativa de inovação de valor precisa de alavancar recursos e capacidades existentes;

9. A inovação é um caos incontrolável: Mais uma vez é importante analisarmos de forma separada o processo de geração de ideias e o processo de execução da inovação. A geração de ideias tem maior facilidade de surgir em ambientes caóticos e que favoreçam o surgimento da criatividade. O mesmo não pode ser aplicado ao processo de execução da inovação, pois é um processo que deve ser acompanhado de perto e cuidadosamente gerido;

10. Somente start-ups podem inovar: Aqui vem uma boa notícia para empresas mais antigas e que actualmente têm dificuldades em inovar devido a velhos vícios. Apesar de alguns empresários estarem convencidos de que só é possível inovar através da aquisição de start-ups, a investigação sugere que muitos dos maiores problemas que o mundo enfrenta só poderão ser resolvidos por grandes empresas estabelecidas.

Como podemos constatar através dos mitos acima apresentados, não existem respostas absolutas e definitivas no mundo empresarial e da

gestão. O processo de inovação requer constância de propósitos e estrutura organizacional que permita o surgimento e a execução da inovação, principalmente no que diz respeito a experimentação e o processo de aprendizagem, pois, como se advoga, é preciso tentar e se se errar, aprender e reflectir.

 


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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