Educação Empreendedora em Portugal

 

Quem me conhece sabe que perfilho da ideia de que este século será caracterizado pela Era dos Empreendedores pelo que, ser Empreendedor será, sem dúvida, a melhor “arma” para o desenvolvimento da economia.

Foi o Professor de Empreendedorismo da Harvard Business School, Jeffrey Timmons, que mais cedo antecipou esta visão quando em 1990 proferiu uma das frases mais célebres sobre a importância da atitude empreendedora e que passo a citar ” O Empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o Século XXI mais importante do que a revolução industrial foi para o século XX”.

As iniciativas para aumentar o conhecimento sobre o empreendedorismo assumem, assim, um papel crítico neste dealbar do Século XXI e por isso torna-se urgente a criação de uma política educacional que permita a construção de uma cultura empreendedora junto dos nossos jovens estudantes: quanto mais jovem se começar, quantos mais negócios se gerirem ao longo do percurso escolar, maiores serão as probabilidades destes interiorizarem as características empreendedoras. Ou seja as atitudes empreendedoras devem ser estimuladas na escola.

De facto, a aspiração a ser empreendedor, a auto-confiança, a resolução de problemas devem ser trabalhadas para o “bichinho” do “just do it” ficar dentro do aluno. E a melhor maneira de formar um empreendedor, é proporcionar-lhe condições para que ele possa fazer as coisas acontecerem. Assim, em vez de tentarmos levar o mundo exterior à sala de aula, levamos os alunos ao mundo exterior, fazendo-os sair da sua zona de confiança.

Os sucessos da actividade “Empreendedor por um Dia”, por todo o mundo têm demonstrado que a metodologia “learning by doing” é vencedora no ensino do empreendedorismo, pois permite aos estudantes produzir o seu próprio conhecimento, sendo o papel, tradicional, do professor substituído pelo de facilitador.

Em Portugal, a Educação para o Empreendedorismo começa a despontar levando a acreditar que em breve esta realidade passará a ser comum a todos os estabelecimentos de ensino nacionais. Se o objectivo a atingir é o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável, então o veículo pode, e deve ser, o Empreendedorismo.

Para o efeito torna-se essencial a existência de um sistema educacional aberto, inovador e criativo nomeadamente através da introdução no ensino de métodos que potenciem a transmissão de competências empreendedoras;

Importa assim enfatizar, de preferência através dos líderes do País e pelo sistema educacional, que toda a gente tem o potencial dentro de si para alcançar grande progresso e fazer a diferença, desde que interiorize a importância de se treinar a si próprio no desenvolvimento das suas capacidades.

Por vezes pode parecer faltar “empreendedorismo” mas este não está ausente, apenas inexplorado. Durante várias décadas criámos nas nossas escolas e universidades “empregados” deixando pouco espaço à exploração da criatividade e da inovação. Isto fazia sentido numa economia onde as grandes empresas pareciam assumir um papel seguro de empregadores mas é atualmente patente que esse modelo coloca a nossa sociedade em risco de ser pouco flexível para momentos de crise.

Felizmente que vejo cada vez mais por todo o País várias Organizações e em particular municípios (conto já 84 dos 308), em total alinhamento com as Direcções das Escolas e de Agrupamentos de Escolas, a privilegiar a integração do empreendedorismo nos programas curriculares dos alunos.

Acredito que essa mudança é crítica para não cometermos os mesmos erros e ajudarmos as novas gerações a interpretar o ambiente em que vivem de forma diferente, mais crítica e a tomar decisões de forma mais autónoma.

Gostaria por isso de acreditar que nos próximos anos, possamos assistir a um acesso real na actividade em termos do arranque de novas empresas, na sustentação de muitos empresários dinâmicos e na constatação de que os sistemas de ensino entendem o valor do sentimento empreendedor não apenas na educação dos seus estudantes, mas também em termos de como eles próprios funcionam.

Em todo o caso se há mensagem que entendo ser importante transmitir é que os nossos jovens para se adaptarem aos actuais desafios da sua vida profissional terão de redescobrir os seus instintos empreendedores e usá-los para criar novos tipos de carreira. Hoje em dia, quer eles venham a ser advogados, médicos, soldadores, engenheiros ou até maquinistas, precisam de se ver como um empresário ao leme de pelo menos uma empresa – neste caso a sua carreira- em fase de arranque com grandes previsões de crescimento.

Se, somente com atitudes e comportamentos empreendedores, demonstradas dia a dia, se consegue criar prosperidade para os indivíduos, para as empresas e para os próprios Países, então o desenvolvimento de iniciativas políticas valiosas e programas de apoio para manter e estimular a criação da iniciativa empreendedora e dos pequenos negócios terá obrigatoriamente de fazer parte da lista de prioridades do Governo de um País pois os empresários são o “osso do crânio” do crescimento da economia.

Termino com um mensagem de esperança afirmando que produzir mais só será possível através da criação de um ciclo virtuoso de crescimento o qual só se iniciará quando as pessoas pensarem de forma mais empreendedora. Ora essa atitude empreendedora aprende-se desde os bancos da Escola e por isso o Sistema de Educação e Formação terá de forçosamente criar as condições, o mais urgentemente possível, para que todos os nossos jovens em idade escolar tenham acesso a programas que estimulem esse Espírito Empreendedor de que tanto necessitamos potenciar na Sociedade Portuguesa.

 

Para mais informações consulte a Edição Especial da Newsletter do Grupo Gesbanha.


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels"). Director da EBAN e da WBAA

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