2015 – O Arranque do Portugal 2020!

Empreendedorismo

Empreendedorismo

O Economista Brasileiro, Alfredo Valladao, perante a alternância entre períodos de escasso crescimento e de crescimento um pouco menos escasso, recomendou, em devido tempo a quem de direito, que se tornava essencial existir forte coragem politica para efectuar reformas que permitissem alterar a tendência que designou ” o voo da galinha” ou seja “faz muito barulho para levantar voo, mas volta a cair dez metros à frente. Pode ser assim ou pode não ser assim”.

Seguindo esta tendência, vários especialistas têm afirmado que a recuperação europeia está numa fase do tipo BBB: baixo crescimento, baixo emprego e baixa inflação.

Não surpreende, no entanto, que tal esteja a acontecer e que as autoridades políticas não possam fazer grandes coisas – a política monetária convencional está esgotada e a maioria dos governos não podem adoptar uma política fiscal mais flexível – para estimular e impulsionar o crescimento devido à nefasta situação financeira em que se encontram, pelo que se torna essencial aproveitar todos os instrumentos que, apesar de tudo, ainda se encontram disponíveis, para que consigam registar algumas melhorias nas economias, nomeadamente, dos países do Sul da Europa de que fazemos parte.

Dentro desta perspectiva importa ter presente que Portugal e, consequentemente, os Portugueses possuem, no âmbito das políticas de coesão definidas no Programa Comunitário Portugal 2020, verbas orçamentadas muito significativas para aumentar a competitividade das PMEs – 4.541 milhões de euros – para a Investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação – 2.248M – e para o Ensino e aprendizagem ao longo da vida – 4.335M – que terão, obrigatoriamente, de originar um aumento sustentável de criação de riqueza na nossa Sociedade.

Nesse sentido, uma aplicação correcta,  devidamente monitorizada e coordenada dos citados Programas é crucial para o nosso País uma vez que, como nos recordou, recentemente, o Professor Armando Pires, da Norwegian School of Economics, num excelente artigo de opinião (publicado no Jornal Público  “ São os custos de trabalho os principais culpados da crise no “Sul” da Europa?), somente o progresso tecnológico (por exemplo quando uma empresa inventa um produto novo) pode conduzir a um crescimento económico sustentável no longo prazo ou seja precisamente o tipo de investimento que é privilegiado no âmbito do Portugal 2020.

Numa altura em que o nosso País já possui excelentes instituições académicas e científicas, associações de business angels, estruturas tecnológicas de acolhimento, agências e estruturas de dinamização, operadores independentes, institucionais e family offices, algumas grandes empresas, fundações e corporate ventures – ou seja precisamente os actores que irão ter um papel decisivo no sucesso ou insucesso na implementação das citadas verbas – torna-se imperioso que passe a existir uma complementaridade entre estes diversos atores, ao nível do planeamento das ações, dos investimentos e da atividade.

Sabendo que cada um destes atores tem uma vocação muito própria, funciona de forma isolada e quase sem interligação, entre si, torna-se decisivo que a coordenação global do Ecossistema Empreendedor seja assumida como um verdadeiro Desígnio nacional sob pena de serem postas em causa a eficácia das Prioridades de Politica Pública que suportaram a concepção do citado Programa e, consequentemente, as verbas que nos foram atribuídas pela Comissão Europeia.

Para o efeito, torna-se absolutamente necessário que, desde o início de 2015, o Governo tenha a capacidade de não se limitar à regulamentação dos diversos Programas, que a cada actor caberá depois executar, mas que também se envolva nos processos de planeamento e desenvolvimento do Ecossistema Empreendedor, nomeadamente na identificação dos objectivos que terão de ser atingidos por via dos aludidos Programas.

De facto, como nos ensina Ortega e Gasset, “ não basta optar pelo caminho certo, torna-se imprescindível percorrê-lo acertadamente “ pelo que é necessário promover uma maior competitividade do Ecossistema Empreendedor Nacional – e isso também passa pela coragem em criar  incentivos para que os diversos atores se empenhem em criar e desenvolver novos negócios que só poderão ser uma realidade se os respectivos atores conseguirem, por sua vez, aumentar a massa crítica de empreendedores qualificados – se quisermos que efectivamente o ano, que agora começou, possa ser de facto um ano importante para todos nós.

 

Um excelente ano de 2015 são os meus votos sinceros,

 

Francisco Banha

Presidente do Grupo Gesbanha

9/01/2015


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels"). Director da EBAN e da WBAA

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