Business Angels e o Portugal 2020

Business Angels

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Um pouco por todo o mundo existe a convicção plena da necessidade de se criarem Instrumentos que tenham como objectivo contribuir para que as empresas, em particular as mais novas e de menor dimensão, desenvolvam as suas estratégias de inovação, de crescimento e de internacionalização, num quadro em que a envolvente financeira potencie a implementação dessas mesmas estratégias.

De facto os empreendedores continuam a enfrentar dificuldades de financiamento entre o que conseguem angariar junto de amigos e familiares e o que os Bancos, Fundos de Venture Capital e de Private Equity estão disponíveis para investir. Diversos estudos têm concluído que, normalmente, os empreendedores obtêm o capital necessário para iniciar o negócio mas raramente conseguem ter acesso a meios que permitam escalar o mesmo.

A existência deste “gap” de financiamento – se o produto não sai para o mercado gerando receitas e se não aparece uma nova injecção de capital, a empresa morre por esgotamento de recursos- torna-se muito crítico para o sucesso da generalidade das startups ao ponto de ser normal designá-lo por “Vale da Morte” dado que, raramente, o empreendedor possui os conhecimentos adequados a “atravessá-lo” sem o apoio de terceiras entidades.

 

A Importância dos Business Angels

A este nível tem vindo a assumir uma particular importância a figura dos Business Angels (BA) enquanto investidores individuais, normalmente empresários ou directores de empresas que investem o seu capital pessoal, ao permitirem que o empreendedor obtenha sem nenhum custo – pois o investimento sendo em capitais próprios na qualidade de sócios, não exige direito a juros nem garantias de recompra – conhecimentos empresariais e conselhos de elevado valor acrescentado, numa fase de alto risco para o seu negócio. Com base neste acompanhamento profissional o empreendedor consegue ultrapassar  uma fase complexa que depois de alcançada, lhe permite comercializar o seu produto ou serviço que posteriormente lhes irá abrir a “porta” para os fundos de capital de risco.

Refira-se a propósito que, recentemente, a EBAN, Associação Europeia de BA, analisou, no período compreendido entre 2004 e 2013, os  investimentos efectuados pelos BA, em 3.208 startups situadas em 37 países europeus, concluindo que em média, três anos após a entrada dos BA no capital das startups, se verificou uma upgrade, ao nível de empregos criados, volume de negócios e activos de respectivamente, 231%, 150% e 156%. Por sua vez, nos EUA, é possível falar-se de “experiência divina” uma vez que só em 2013, 298.800 BA investiram 25 mil milhões de dólares em 70.739 novos projectos que permitiram a criação de 290 mil postos de trabalho.

 

Portugal tem um excelente esquema de co-financiamento com Business Angels.

Nos últimos três anos, e tendo por base duas Linhas de Financiamentos, criadas no âmbito do Programa FINOVA e com Gestão da PME Investimentos, foram efectuados investimentos em cerca de 150 start-ups, com menos de três anos de actividade, no montante global de cerca de 45 milhões de euros que possibilitaram a criação, directa, de mais de 200 postos de trabalho qualificados.

Com base nestas linhas de financiamento os BA portugueses puderam investir em projectos que tivessem a sua sede social nas Regiões do Norte, Centro e Alentejo. Estes projectos por sua vez tinham de ter menos de três de anos de actividade – no caso da primeira linha e de 5 anos no caso da segunda- e os respectivos investimentos de ser efectuados nas citadas Regiões.

Inicialmente lançado como uma experiência piloto os Fundos de Co-Investimento Português com BA têm vindo a tornar-se uma referência no mercado europeu ao encorajar e mobilizar os BA com um modelo adequado às suas necessidades financeiras – por cada EURO investido por parte dos  BA o estado Português, via fundos comunitários, coloca 1.80 EUROS – mas também no reconhecimento do aport proporcionado pelos BA – na primeira linha 80% do sucesso obtido na alienação das startups é para os BA e 20% para o FINOVA  e na segunda 50% para os BA e 50% para o FINOVA.

 

Lançamento de novos Fundos de Co-Investimento, com BA, no Portugal 2020

Em face dos resultados alcançados sou da opinião que, no âmbito do Portugal 2020, deveria ser dada continuidade ao lançamento de novos Fundos de Co-Investimento para BA uma vez que estamos perante um Instrumento adequado, para a operacionalização do investimento em startups que nascem nos respectivos Ecossistemas Empreendedores de base regional num momento em que o novo Quadro Comunitário Horizonte 2020 confere uma particular atenção às condições de financiamento das empresas para a Inovação, Internacionalização e Estímulo ao Empreendedorismo Qualificado (capital e dívida) que não pode deixar de ser aproveitada.

A dinâmica que estes Fundos podem trazer ao Governo Português, numa perspectiva de agente financiador e de aplicação eficiente de fundos, terá igualmente as seguintes vantagens: (i) Ajuda a criar uma comunidade de investidores early-stage até agora praticamente inexistente (ii) Não investe sozinho (iii) Não corre o risco de decisões de investimento “políticas” (iii) Atrai mais dinheiro para o Ecossistema Empreendedor (iv) Não paga quaisquer custos de mentoring, networking e conhecimento dos Business Angels (v) Com a comunidade de Business Angels a investir é mais fácil atrair dinheiro de VCs (vi) e aumenta o crescimento do investimento em I&D;


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels"). Director da EBAN e da WBAA

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Um comentário a “Business Angels e o Portugal 2020”

  1. Lopo Lencastre de Almeida says:

    Bom artigo. Nós temos de falar sobre um dos meus projectos que vai precisamente nesse sentido.

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