Transmissão de Testemunho na FNABA

Francisco Banha transmitindo a liderança da FNABA a Miguel Rangel Henriques na presença de Miguel Cruz, Presidente do IAPMEI e da Mesa de Assembleia Geral da FNABA

Transmissão da liderança da FNABA a Miguel Rangel Henriques na presença de Miguel Cruz, Presidente do IAPMEI e da Mesa de Assembleia Geral da FNABA

O Relatório de Atividades e Contas da FNABA, relativo ao exercício de 2014, aprovado, ontem, em Assembleia Geral, foi o último que apresentei enquanto Presidente da Direcção desta Federação.

Constitui, assim, um bom momento para efetuar uma reflexão sobre o percurso desenvolvido e os principais resultados alcançados, mas também para pensar o futuro da FNABA, pois é este que nos exige mais esforço, mais talento, mais paixão.

Olhando para os últimos oito anos, o que imediatamente me ocorre é uma reconfortante sensação de dever cumprido, sobretudo tendo em conta que, durante estes oito anos de vida, a FNABA rapidamente se tornou uma Federação de referência, primeiro em Portugal, criando um ambiente propício à criação de Associações de Business Angels e à dinamização da atividade destes investidores, depois na Europa, através da presença na Direção da EBAN- Associação Europeia de Business Angels, e, finalmente, no mundo, marcando lugar na Direção da WBAA – Associação Mundial de Business Angels.

A presença desta Federação na EBAN e na WBAA provam o reconhecimento do papel que a FNABA conseguiu desenvolver na consolidação do movimento de Business Angels na Europa e também o acompanhamento ativo que prestou das diversas movimentações que têm vindo a ocorrer, a nível mundial, ao nível do financiamento de novos negócios à escala global.

A FNABA nasceu há oito anos atrás, mas o movimento associativo de Business Angels, em Portugal, nasceu muito antes, em 1999, quando, juntamente com um conjunto alargado de empresários, fundei o primeiro clube de Business Angels português, o BAC – Business Angels Club. Desde então, diversas ações começaram a ser desenvolvidas com vista a incentivar o financiamento, via investidores informais, no mercado de capital de risco em Portugal. Este movimento viu-se reforçado, em 2006, com a criação de diversas Associações de Business Angels, cinco das quais vieram a constituir a FNABA.

A FNABA cresceu, pois, em circunstâncias extremamente adversas, marcadas pela inexistência de legislação a regular a atividade de Business Angels, por fortes restrições financeiras impostas às instituições e excesso de burocracia administrativa. Apesar deste contexto, severamente adverso, a FNABA conseguiu alcançar um desempenho assinalável.

O contributo para o reconhecimento legal dos Business Angels como atores essenciais dentro do sector do Capital de Risco, a luta por um enquadramento jurídico e fiscal favorável à atividade dos Business Angels, o envolvimento efetivo na operacionalização dos fundos de Co-Investimento para Business Angels lançados pelo Programa COMPETE (que, na 1ª linha de financiamento, abrangeu 132 empresas, o montante de 23 Milhões de euros investidos e mais de 10 milhões comprometidos e, na 2ª linha de financiamento, abrangeu 33 empresas apoiadas, 11,2 milhões de euros investidos e 3,8 milhões comprometidos), foram apenas alguns dos desafios alcançados, com sucesso, e fizeram com que a FNABA fosse hoje uma entidade prestigiada e respeitada, no país e no estrangeiro, representando 16 das 17 Associações de Business Angels existentes em Portugal.

A afirmação desta reputação foi, desde o início, um objetivo estratégico. E esse objetivo foi manifestamente alcançado!

Agora, outros desafios se colocam. Cada ano que passou, cada nova ponte que se criou trouxeram mais peso a essa imensa responsabilidade do futuro. E, por isso, chegados a este ponto, importa agora levar a cabo um conjunto de acções concretas das quais importará destacar as seguintes:

  • O lançamento, junto da sociedade civil, de uma campanha de comunicação institucional de divulgação massiva do Ecossistema Empreendedor Nacional;
  • O apoio efetivo às Associações de Business Angels, sobretudo através de uma forte aposta na sua profissionalização;
  • A criação de uma Rede de Business Angels da Diáspora Portuguesa alanvacada com o lançamento de um Fundo de Co-Investimento;
  • A realização de campanhas de divulgação da nossa Comunidade de Business Angels junto dos mercados internacionais, sobretudo junto daqueles que são alvo de forte imigração portuguesa;
  • A divulgação pública de todas as operações de investimento realizadas por Business Angels em regime de Co-Investimento com o Programa COMPETE;
  • A implementação de medidas de incentivo fiscal no Orçamento de Estado para 2016, para a atividade desenvolvida pelos Business Angels.

 

Naturalmente que todas estas acções requerem mudança para que possam ser implementadas. Mas não podemos ter medo da mudança, pois a mudança é uma condicionante da vida, dos indivíduos e das instituições.

A cultura existente na FNABA tem sido caracterizada justamente pelo inconformismo, pela determinação, pela perseverança. Neste sentido, hoje sinto que o tempo não é de chegada. Os resultados alcançados pela FNABA, nos últimos anos, devem ser comemorados como um ponto de passagem. Temos pois que manter intactas a nossa ambição e vontade de mudança.

A FNABA é hoje uma Federação sólida, resiliente e reputada. Deverá, pois, continuar a estar preparada para os próximos desafios. Neste contexto, a par das ações concretas que se impõe levar a cabo, importa dar particular atenção às Linhas de Financiamento em vigor, no âmbito do Programa Compete, e às iniciativas que se encontram em curso tendo em vista a preparação de eventuais novas linhas de financiamento no âmbito do Portugal 2020.

Para tal, a intensificação da cooperação com as entidades oficiais (Secretaria de Estado da Inovação, IAPMEI, Gabinete de Gestão do Programa COMPETE, PME Investimentos, Caixa Capital, Instituição Financeira de Desenvolvimento), deverá continuar a ser uma das principais prioridades, tal como também deverá ser privilegiada a crescente responsabilização da FNABA perante a sociedade, designadamente através do aumento das atividades e iniciativas desenvolvidas.

Nesta viagem de 8 anos – não muito longa no tempo, mas profundamente enriquecedora – muitos e diversos foram os viajantes que me acompanharam. Viajantes de vários quadrantes, institucionais e privados, de diferentes sectores de atividade, nacionais e além-fronteiras.

Todos eles, de uma forma ou outra, em muito ajudaram a garantir as várias etapas do sucesso alcançado, por terem ajudado a dignificar o movimento associativo que a FNABA representa, dando-lhe dimensão e representatividade, fortalecendo a sua atuação no terreno e ajudando-a a melhorar, continuamente, o serviço que presta à comunidade de Business Angels e à sociedade em geral.

Responsáveis das 16 Associações de Business Angels, inseridas na FNABA

Responsáveis das 16 Associações de Business Angels, inseridas na FNABA

A nota final é de agradecimento a todos os responsáveis das Associações de Business Angels que integram a FNABA, aos membros dos órgãos sociais da FNABA e, em particular, aos meus colegas de Direção, Paulo Andrez e Ricardo Luz, pelo inesgotável empenho na prossecução dos objetivos da Federação. Importa pois, neste final de mandato, enaltecer o mérito de todos os que me acompanharam e agradecer-lhes o esforço desenvolvido em prol do prestígio da FNABA.

Os tempos que se seguem não são menos exigentes, mas certamente que a nova Direção estará à altura de os enfrentar e vencer.

 

Francisco Banha

Presidente da Direcção da FNABA, entre Fevereiro de 2007 e Fevereiro de 2015

 

Relatório de Atividades e Contas da FNABA – ficheiro .pdf (0,62MB)

 


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels"). Director da EBAN e da WBAA

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