O primeiro semestre de 2008 foi fértil em novos livros sobre inovação. Nesta coluna, sugiro a leitura daqueles que me parecem mais relevantes.
Em ‘The New Age of Innovation’, Combatoire Prahalad e Mayuran Krishnan propõem o ajustamento das infra-estruturas de suporte ao desenvolvimento de novos produtos a uma nova realidade: os produtos são crescentemente co-criados com os clientes de modo a satisfazerem as suas necessidades pessoais; e os talentos criadores estão distribuídos globalmente.
O papel das redes de clientes na criação de novos produtos é também o tema do livro ‘Web 2.0: a Strategy Guide’, de Amy Shuen. A autora utiliza exemplos retirados da experiência de empresas como a Cisco, IBM, Procter & Gamble, Google, Amazon, e Facebook (um dos símbolos da Web 2.0).
Clay Shirky no ‘Here Comes Everybody’ analisa a influência da Internet na produção, partilha e gestão de conhecimento. A secção sobre as organizações sem organização é particularmente sedutora para uma empresa global mas representa uma idealização à frente do tempo. Os processos organizacionais sugeridos por Prahalad e Krishnan são mais exequíveis.
Richard Elkus, autor do ‘Winner Take All, How Competition Shapes the Fate of Nations’, considera que o valor de um produto não pode ser medido apenas pelo seu lucro actual e potencial de crescimento. Há produtos estratégicos que originam novas industrias, pelo que a infra-estrutura industrial associada a esses produtos deve ser mantida no país de origem da empresa, um argumento contrário à globalização em curso.
Leander Kahney em ‘Inside Steve’s Brain’ analisa uma sequência de intervenções públicas do líder histórico da Apple (e também da Pixar). Jobs foi decisivamente influenciado por Bill Hewlett e David Packard (fundadores da HP), Akio Morita (líder histórico da Sony) e Edwin Land (criador da Polaroid) e sempre considerou que uma empresa deve ser dirigida por quem imagina os seus produtos (incluindo os modelos de negócio) e não pelos responsáveis de "marketing" e vendas que, segundo ele, quase arruinaram a Apple. Esta é talvez a afirmação menos controversa de um livro essencial.