O objectivo era a aquisição de experiência profissional durante o percurso académico. Algumas conversas de café deram forma à ideia e surgiu a jeKnowledge – uma empresa constituída por estudantes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que presta serviços na área da Telemetria, Instrumentação, Informática, Desenvolvimento de Aplicações à Medida, Webdesign, Eventos e Marketing.
Sedeada no Departamento de Física, assume-se como uma empresa sem fins lucrativos, os ganhos obtidos são canalizados para formação dos seus membros, que não são remunerados pelos serviços prestados.
Em entrevista à Newsletter da UC, Rafael Jegundo, estudante do 3º ano do Curso de Engenharia Física e um dos fundadores da jeKnowledge, deu a conhecer o projecto.
NL – O que é que esteve na base da criação da jeKnowledge?
RJ – Sentíamos que o curso não nos permitia ter uma interacção com o mercado de trabalho e a jeKnowledge surge como resposta a essa necessidade de criar uma ligação mais próxima com a realidade. Aliás, trata-se de uma empresa sem fins lucrativos, visa em exclusivo a aquisição de experiência profissional.
NL – Quem é que integra os quadros da empresa?
RJ – Somos todos estudantes, sobretudo das áreas da Física, Biomédica, Informática e tem havido participações pontuais de colegas da Engenharia Mecânica, Electrotécnica e Civil. Começámos com vinte e dois fundadores, mas temos vindo a crescer e já somos cerca de trinta.
NL – Em que áreas prestam serviços?
RJ – Temos trabalhado na área de Informática, desde Web a aplicações à medida. Recentemente, estivemos envolvidos na divulgação do curso de Engenharia Física e também tivemos um projecto de marketing para a ISA, embora fosse um marketing mais “técnico”, pois exigia um elevado conhecimento de um produto que era uma inovação na área da segurança domótica.
Para além destes projectos já desenvolvidos, operamos também em Telemetria, Instrumentação e Gestão de Eventos.
NL – A jeKnowledge já tem vários projectos concluídos mas, para futuro, será importante manter uma carteira de clientes e assegurar uma cadência de encomendas regular. Como é que resolvem esta questão?
RJ – Nós temos vivido das oportunidades que surgem, nomeadamente da parte do tecido empresarial da região, Câmaras Municipais e da própria Faculdade. Mas não nos limitamos a esperar que as solicitações surjam, também procuramos essas mesmas oportunidades dando-nos a conhecer ao mercado. O contexto actual acaba por nos ser favorável pois, como as empresas tecnológicas têm mais trabalho do que mão-de-obra, recorrem frequentemente ao outsorcing, para dar resposta a projectos específicos.
NL – Que vantagem é que a jeKnowledge oferece em relação a outras empresas da área?
RJ – Sobretudo o preço. Em média, o valor que cobramos pelos nossos serviços é inferior entre 30 a 60% face ao preço de mercado habitual. Ricardo Martins e Rafael Jegundo, fundadores da jeKnowledge
NL – Sendo uma empresa júnior, é expectável que possa haver da parte do mercado algum receio quanto à qualidade dos serviços prestados. Que garantias de qualidade oferecem?
RJ – Apostamos numa política de transparência. Estabelecemos objectivos e o nosso cliente é permanentemente informado sobre o estado de cumprimento dessas metas.
Para além disso, quando é necessário, recorremos à ajuda de professores que acompanham e validam o processo.
NL – Como é que conciliam esta actividade, que obriga ao cumprimento de prazos e de tarefas exigentes, com os vossos estudos?
RJ – É uma gestão que tem de ser tratada com tacto, mas que é ajudada pela nossa organização interna. Nós não temos um presidente, não há ninguém que represente a jeKnowledge por si e isso deixa-nos uma margem de manobra razoável, por exemplo quando temos que agendar uma reunião, em que estará presente a pessoa que tiver mais disponibilidade.
Os estudantes até têm tempo, é preciso é saber geri-lo com flexibilidade.
NL – Que vantagem é que outros alunos interessados poderão ter em aderir a este projecto?
RJ – Valorização do curriculum pessoal e ganhos de experiência adquirida, nomeadamente competências na área das soft skills, como o saber comunicar a empresa ou um produto específico, conhecer o jargão técnico… São mais valias que nos vão ajudar mais tarde, quando deixarmos a Universidade.
NL – Esperam que esta experiência vos abra mais perspectivas para futuro, na entrada no mercado de trabalho?
RJ – Isso varia muito em função do curso mas, certamente, que nos dá uma maior noção do que poderemos vir a fazer, temos uma consciência muito mais aberta para as nossas possibilidades no futuro.
NL – O vosso objectivo imediato é a aquisição de experiência profissional, mas a longo prazo não é também um projecto para vos trazer alguma compensação financeira?
RJ – Não, nós somos uma associação sem fins lucrativos, essa hipótese está fora de questão. O dinheiro ganho é para reinvestir na própria empresa e na formação dos seus colaboradores.
in Newsletter da Universidade de Coimbra (Outubro/2008)