Artigo de Jack Soifer publicado no jornal Oje (7/10/08), orador que intervirá no 10º Encontro Gesventure.
O BIOETANOL não vem nem virá de cereais. Exceptuando os EUA que o faz de milho, é feito de melaço, obtido de cana de açúcar ou de beterraba. Nos últimos anos o consumo de açúcar diminuiu e a importação do terceiro mundo acabou com a nossa produção do Ribatejo, por exemplo em Coruche. Com alguns mil euros de capital, as fábricas paradas podem produzir bioetanol e os produtores rurais terão melhores rendimentos.
O biodiesel é de mamona ou erva purgueira, de clima tropical, e raramente de colza, aqui da Europa. Do óleo inadequado à alimentação, como soja, vem a outra parte. As terras para estas culturas não são ideais para cereais.
Tabaco, auto-estradas e urbanização em vales têm reduzido a área cultivável. Impróprios subsídios e o desprezo da União Europeia e de Portugal pelo produtor agrícola fê-lo abandonar terras férteis, que os espanhóis compram para utilizar com a boa agro-tech que garante lucros.
O aumento do consumo chinês justifica 9% do aumento do preço. A especulação do cartel mundial dos cereais é que em muito o elevou. A Autoridade da Concorrência da Europa não tem a coragem de enfrentar o cartel, pois aqui tem a sua séde. A de Portugal nada faz, poderia ser extinta sem ninguém perder. Ou inovar, como em outros países, onde qualquer cidadão e DECO tem o poder para controlar e na polícia impedir os abusos que distribuidores e agro-indústrias estrangeiras aqui impuseram contra os nossos agricultores e empresários. Cidadão e ASAE é a solução.
Inovar é fazer como no Norte da Europa, em que o óbvio é não haver imposto sobre energias renováveis, como bioetanol e biodiesel, e impôr quotas ao crude. É impedir que as petrolíferas manipulem os preços e impeçam a vinda de concorrentes. Enfim, é agir.