GesEntrepreneur Empreender nos bancos da escola

Artigo publicado esta tarde no Jornal de Negócios Online sobre o ensino do empreendedorismo no meio escolar onde surge em destaque a GesEntrepreneur, organização pela qual sou responsável e cuja direcção operacional está a cargo de Miguel Gonçalves (na foto).

Em algumas escolas do país, o ensino do empreendedorismo começa cedo, desde os primeiros anos de escolaridade obrigatória. Empresas como a GesEntrepreneur ou a associação Aprender a Empreender são responsáveis por projectos que abrangem alunos do 1º ciclo ao Ensino Secundário e onde a preocupação é não só transmitir conceitos, mas também desenvolver projectos práticos

A oferta de empreendedorismo não se limita aos adultos. Várias escolas do país, desde o 1º ciclo do Ensino Básico até ao ensino secundário, têm já os seus alunos a aprender conceitos básicos sobre o que é ser empreendedor, o que é um plano de negócios e mesmo a testar na prática as suas ideias de negócio. A iniciativa parte das câmaras municipais ou das escolas, que recorrem a serviços de empresas ou associações vocacionadas para o ensino do empreendedorismo.

Miguel Gonçalves

Ensina o método aprender fazendo

A GesEntrepreneur é um desses casos. Nasceu no âmbito de um grupo empresarial, que conta por exemplo com a GesVenture, uma empresa de capital de risco que se apercebeu da necessidade de apostar na educação para que pudesse existir massa crítica e bons projectos para apoiar. Ou seja, "era preciso alimentar um ciclo de aposta na inovação", explica Miguel Gonçalves, managing director da GesEntrepreneur.

Aperceberam-se que 95% da formação em empreendedorismo baseava-se no ensino sobre como fazer planos de negócios, centrada na alfabetização financeira e muito técnica. "São conceitos importantes, mas não fazem de nós empreendedores", afirma Miguel Gonçalves. A alternativa foi virarem-se para o estrangeiro e importar um novo método de ensino. Fizeram uma parceria com o canadiano Chris Curtis para aplicar em Portugal o método do ‘learn by doing’ (aprender fazendo).

Um método que se centra no desenvolvimento das características necessárias para ser empreendedor, divide o processo em pequenos passos, facilmente atingíveis, um ensino capaz de se adaptar às várias formas de aprendizagem e baseado na experiência, explica Miguel Gonçalves.

O trabalho desde 2006, altura da criação da GesEntrepreneur, tem-se centrado na formação de professores de todas as áreas de ensino, criação e implementação de projectos em escolas e até já realizaram campos de férias centrados no empreendedorismo.

No ano lectivo que está prestes a terminar, estão presentes em 13 concelhos do norte a sul do país, cobrem 334 escolas e 6.583 alunos desde o 1º ciclo do ensino básico até ao final do secundário. Mas também já fizeram formação a reclusos, no âmbito do trabalho de reinserção social, a jovens à procura do primeiro emprego e a desempregados.

O ensino do empreendedorismo nas escolas não tem um padrão fixo. Cada caso é um caso. No início do ano, directores de turma, professores e alunos, juntamente com as equipas que fazem formação em empreendedorismo, discutem qual o melhor método a desenvolver durante o ano.

Um método que até pode ser diferente de turma para turma dentro da mesma escola. Muitas vezes acaba por ser integrado nas Áreas de Projecto, mais transversal, e implica que os alunos tenham de desenvolver ideias de negócio durante o ano lectivo.

É assim no trabalho da GesEntrepreneur, mas também da associação Aprender a Empreender. Esta associação nasceu a partir de uma congénere americana criada em 1919, a Junior Achievement, que procura "promover os valores do empreendedorismo na escola através de voluntários que vêm do mundo do trabalho", explica Joana Loureiro, directora-geral da associação. A formação é feita por voluntários das empresas que apoiam a associação – e que incluem, por exemplo, a Microsoft, a HP, a Accenture ou o Millennium bcp – e que se disponibilizam para ir às escolas durante o ano lectivo.

No caso da Aprender a Empreender, o trabalho vai também desde o ensino básico ao secundário, havendo também alguma formação no ensino superior, com programas adaptados a cada idade e sempre com actividades lúdicas incluídas. No 1º ciclo combinam com o programa com o professor e a formação inclui a ida dos voluntários à escola cinco a seis vezes por ano, no 3º ciclo a formação é feita geralmente no âmbito da Área Projecto, o mesmo acontecendo com o ensino secundário.

Neste caso, o projecto tem um nome: "A Empresa" e significa que, durante um ano lectivo, os alunos têm de criar uma ideia de negócio, ir buscar capital, organizar feiras, um processo que vai até à liquidação da empresa. Os alunos participam, depois, num concurso de âmbito nacional que elege a melhor ideia e essa ideia representa o país no Junior Achievement da Europa. Este ano, o projecto vencedor chama-se "Do a Deal" e consiste na criação de um jogo informático que se destina a gerir um orçamento familiar.

Os projectos da Aprender a Empreender são a custo zero para as escolas, – a associação vive dos recursos disponibilizados pelas empresas associadas e das parcerias com as câmaras municipais – e, este ano, o trabalho envolveu 20 mil alunos de 250 escolas, em 30 concelhos do país. Ao todo, a associação conta com o trabalho de 1.300 voluntários.


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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