Intraempreendedores: O Motor da Inovação nas Organizações

 

Encontrei este fantástico artigo no site brasileiro “Superempreendedoes” e partilho-o com os seguidores deste blog. Identifico-me perfeitamente com as ideias veiculadas neste texto e defendo-as desde sempre.

“Diante do imperativo da inovação, algumas empresas, na procura do caminho rumo à competitividade, depositam nos seus funcionários a esperança de promover mudanças significativas nos negócios.

Mais do que funcionários eficientes, que realizam adequadamente as suas tarefas, cumprem regras e se esforçam para atingir as suas metas, as organizações modernas estão à procura de um novo tipo de profissional. Querem encontrar aquele que realiza mais do que é esperado de si, que não se sujeita a seguir as regras que possam impedir as suas realizações, que vai além das suas obrigações e responsabilidades, que não só gera grandes ideias, mas traz a capacidade de transformá-las em realidade. As organizações estão à procura de intraempreendedores/ empreendedores por conta de outrem.

Quando se ouve a palavra ‘empreendedor’, imagina-se logo o indivíduo que abandona a sua carreira para perseguir o sonho de ter um negócio próprio. Quando são bem sucedidos nesta trajectória, notamos alguns traços comuns a todos eles: criativos, dinâmicos, auto-motivados, cheios de energia, persistentes, bem relacionados, articulados, inteligentes, dotados de visão de futuro, perspicazes e mais uma série de qualidades. Se pensarmos bem, estas são características de um empreendedor, mas não necessariamente de alguém que tenha um negócio próprio.

Sob esta perspectiva, é difícil acreditar que existem pessoas que tenham este perfil empreendedor, mas que não queiram ter um negócio próprio? Sim, elas existem, estão contentes com o mundo corporativo e querem continuar a desenvolver as suas carreiras. Estas pessoas são valiosas para as empresas e bastante raras, nem importa o cargo da empresa em que estejam. Pode ser uma simples iniciativa de uma secretária para resolver conflitos de agendamento das salas de reunião, a um operador de cópias que cria uma campanha para os colaboradores reciclarem as suas fotocópias em papel. O espectro de actuação do intraempreendedor abrange toda a empresa. Conheci um colaborador de recolha de lixo de uma empresa dedicada a este ramo, que reduziu em metade o tempo diário de recolha de lixo na rua. Conheci uma ajudante de cozinha que criou um blog na intranet da empresa para disseminar receitas e dicas domésticas. Claro, estas pessoas não vão revolucionar o negócio da empresa com estas pequenas iniciativas, mas o que conta é a cultura que envolve a atitude empreendedora, uma cultura que mostra que qualquer um pode fazer a diferença.

Quando esta cultura está instaurada, as pessoas trabalham de forma cooperativa, responsabilizando-se umas pelas outras. Os líderes dão liberdade e autonomia para que os seus subordinados inventem novas soluções para os problemas da empresa, o controlo é deixados de lado quando ameaça uma boa ideia, as pessoas ousam experimentar coisas novas e não são penalizadas se cometerem erros, os problemas são vistos como desafios a serem superados e ninguém se sente constrangido ou intimidado por manifestar livremente a sua opinião.

Como toda a mudança cultural, injectar o DNA do empreendedorismo nas veias corporativas é um processo longo e complexo. Existem empresas que tentam fazê-lo há anos e ainda estão a meio do processo. O que os casos bem sucedidos têm em comum é o papel das lideranças, principalmente das chefias intermédias. Não é difícil compreender este fenómeno. São as chefias intermédias que protegem os seus intraempreendedores dos entraves impostos pelo excesso de controlo e de burocracia, mobilizam os recursos necessários para fazer os projectos acontecerem, defendem e apadrinham as melhores ideias perante a chefia de topo, orientam os intraempreendedores sobre a estratégia corporativa e identificam as melhores oportunidades.

Isto pode fazer todo o sentido do mundo, mas na prática a dificuldade em fazer as chefias adoptar esta postura é um desafio sem fim. Paradoxalmente, também é a postura das chefias que levam programas de intraempreendedorismo ao fracasso. Liderar intraempreendedores é um grande desafio. Eles são rebeldes, sofrem de excesso de auto-confiança, não se inibem em expor as feridas que todos querem esconder na organização e chegam a ser arrogantes, em muitos casos. Não é qualquer chefia que sabe lidar com eles. Muitos sentem-se intimidados pelos intraempreendedores, ou pior, sentem que a sua posição, o seu cargo, o seu estatuto estão ameaçados. Não é raro vermos intraempreendedores a ser despedidos porque ousaram brilhar mais do que as suas chefias. É por isso que eu costumo dizer: os empreendedores só podem ser liderados por empreendedores.”

FONTE: www.superempreendedores.com

 


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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