Que requisitos devem cumprir um projecto empresarial para ter potencial de internacionalização?
Qualquer empresa para vencer no exterior tem de se assumir como global e isso reflecte-se desde logo na forma como a empresa perspectiva o seu modelo de negócio, o qual tem de suportar a ambição de liderança num determinado segmento de mercado através de uma solução que permita mudar os hábitos desse segmento em diversas áreas geográficas.
Tal facto obriga a que o empreendedor tenha de identificar clientes com necessidades ainda não satisfeitas em vez de somente alcançar um novo nível de desempenho, promover melhorias incrementais, atender melhor as actuais expectativas ou acrescentar mais um produto/serviço à gama de produtos/serviços já existentes. (vide como exemplo os casos mais conhecidos como a Amazon.com, Skype, Google ou mesmo Ebay).
A realidade tem demonstrado que as empresas globais com melhor desempenho internacional beneficiaram desde o seu início de uma forte orientação internacional, liderança tecnológica clara, estratégias de diferenciação, quer ao nível do produto quer do serviço, e forte liderança.
Acresce igualmente que o conhecimento dos mercados estrangeiros e consequentes operações, assim como a eficiência com que tal conhecimento é adquirido, é igualmente uma variável determinante crítica para um desempenho internacional superior de um projecto empresarial que ambicione vencer nos mercados internacionais.
Quais são os primeiros passos a dar quando se pensa internacionalizar um negócio?
Antes de mais, é necessário QUERER crescer através da internacionalização pois só assim se faz o necessário para que a internacionalização aconteça. De seguida, é importante definir o perfil dos mercados de destino, o seu tamanho e estado de maturidade bem como identificar que produtos e serviços neles poderão ter maior receptividade e nos quais a empresa possua vantagens comparativas, seja em termos de conhecimento de tecnologia, seja experiência no uso de matérias primas, seja rapidez de tempo de entrega.
A escolha do(s) segmento(s) a abordar deve ser realizada tendo em conta os concorrentes que já se encontram no mercado, sendo recomendável a entrada por nichos de mercado não satisfeitos pelas empresas de maior dimensão e mais consolidadas uma vez que assim se podem criar os alicerces antes de encarar competidores maiores.
É igualmente importante avaliar previamente a velocidade de inovação existente no novo mercado uma vez que se esta for lenta, um ligeiro factor de inovação poderá fazer a diferença.
Se, pelo contrário, os players existentes nesses mercados estiverem a investir muito em inovação, é importante acautelar previamente o financiamento necessário para assegurar uma capacidade de inovação ao nível desse mercado.
Não posso ainda deixar de referir a identificação prévia de potenciais barreiras à entrada – sejam elevados investimentos necessários à instalação sejam impedimentos regulamentares/legislativos – que permitam delinear a estratégia de entrada compreendendo os obstáculos que surgirão.
Crescer com a internacionalização pode ser muito arriscado na medida em que o processo envolve competências específicas muitas vezes desconhecidas da organização pelo que se torna importante efectuar um levantamento prévio, o mais rigoroso possível, que permita ao empreendedor ter a possibilidade de saber lidar com elas antes de decidir avançar para esse estágio de crescimento pretendido.
Vide por exemplo a este propósito a metáfora utilizada por Jorma Olilla, ex-CEO da Nokia
“Quando um empreendedor californiano abre a porta da sua garagem tem perante si a maior economia do mundo. Quando um empreendedor finlandês abre a porta da sua, tem um metro de neve.”