É com muita tristeza mas ao mesmo tempo com muito orgulho que escrevo estas curtas frases sobre um dos Homens que mais me marcou ao longo da minha Vida Pessoal e Profissional. Falo do Senhor Professor Doutor Êrnani Lopes (1942-2010), que hoje faleceu depois de uma luta titânica contra um dos maiores obstáculos que o Ser Humano ainda não encontrou forma de ultrapassar.
Mesmo perante um desafio que tem as regras predefinidas quanto ao “Vencedor”, o facto é que o Professor Êrnani Lopes conseguiu com a sua Força, Fé, Esperança e Determinação, adiar o máximo possível a atribuição desse “Título” demonstrando que até na Morte os Homens podem ser diferentes.
Guardo do Professor Êrnani Lopes momentos particularmente felizes dos quais merecem particular referência (i) A distinção que me concedeu no dia 15.02.2000 ao ter efectuado o Discurso de Apresentação do meu livro “ Capital de Risco – Os tempos estão a mudar”(na foto, abaixo) em que após me ter felicitado me entregou o citado Discurso, manuscrito por ele, dizendo “Francisco guarde este manuscrito pois bem merece as palavras que nele escrevi sobre o trabalho que tem realizado em prol do Empreendedorismo e do Capital de Risco Nacional” (ii) a Oportunidade que me proporcionou de poder trabalhar, desde há 15 anos atrás, para a sua “menina dos olhos bonitos” ou seja para a SAER, onde tive a possibilidade de, mais do que uma vez, ter constatado o enorme talento de um autêntico defensor de um País que tanto amava apesar das criticas, injustas, de que normalmente era alvo de ser um pessimista permanente… (iii). A motivação que sempre me transmitiu nas inúmeras Conferências em que participava e em particular no decorrer dos “espectaculares” e “inspiradores” Encontros SAER no decorrer dos quais sempre teve uma palavra de estímulo e reconhecimento público sobre as iniciativas que também eu anualmente ia realizando.
Naturalmente que para além destes factos pessoais não poderia deixar de realçar as Sábias palavras que o Professor Êrnani Lopes periodicamente tecia sobre a Economia e a Sociedade Portuguesa e às quais muitas vezes recorri para suportar os meus próprios textos de opinião.
Ainda na passada semana a propósito de um texto que me foi solicitado para o Jornal do Poliempreende, publicado no Jornal Público, mais uma vez isso aconteceu ao tentar caracterizar o momento em que vivemos e a capacidade de Empreender ou não.
Em resumo posso afirmar com muito Orgulho que conheci, convivi e aprendi com um dos Portugueses que mais admirei e mais me inspirei particularmente nos sete Princípios que tinha para o Sucesso: “ Trabalhar, Trabalhar, Trabalhar, Estudar, Estudar, Estudar e Estudar”.
Para a sua Esposa, Filhas, Genros e Netos um abraço forte de solidariedade do
Francisco Banha
Nota Biográfica de Ernâni Lopes
Ernâni Rodrigues Lopes (1942-2010) licenciou-se em Economia em 1964 pela Universidade Técnica de Lisboa, tendo-se doutorado posteriormente nesta área na Universidade Católica. Cumpriu serviço militar na Armada, como oficial da Reserva Naval.
Sempre se considerou economista, mas foi como político que se destacou. Entre 1975 e 1985 ocupou o cargo de chefe da Missão de Portugal junto das Comunidades Europeias, de 1979 a 1983, negociou as condições em que o país iria aderir, em 1986, à então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia (UE). No Governo do Bloco Central liderado por Mário Soares, foi Ministro das Finanças e do Plano entre 1983 e 1985, com a tarefa hercúlea de aplicar a receita do FMI, impondo duras medidas de austeridade na economia nacional.
Foi embaixador de Portugal na Alemanha entre 1975 e 1979. Em termos académicos, foi assistente no ISCEF, da Universidade Técnica de Lisboa, entre 1966 e 1974, e director e professor do Instituto de Estudos Europeus da Universidade Católica Portuguesa (desde 1980), onde se doutorou em 1982, e também professor do Instituto de Estudos Políticos da mesma universidade desde 1996. Era também visita assídua de várias instituições militares, onde foi conferencista em várias licenciaturas.
Colaborou igualmente com o Banco de Portugal, de 1967 a 1975, onde dirigiu os seus Serviços de Estatística e Estudos Económicos. Depois da sua experiência no Governo, regressou de 1985 a 1989 como consultor económico. Presidiu ainda à Fundação Luso-Espanhola.
No domínio empresarial, Ernâni Lopes foi consultor e integrou os órgãos sociais de várias empresas, tendo sido presidente não executivo (chairman) da Portugal Telecom.
Em 1988, criou uma empresa de consultoria em Geopolítica, Estratégia e Competitividade, a Saer, de que era sócio-gerente, a par com José Poças Esteves. Foi daqui que saiu a ideia de que o cluster da economia do mar podia ser uma forma de ajudar o país a sair da estagnação económica que tem vivido.
Além das matérias económicas e europeias, Ernâni Lopes tinha outras áreas de interesse, tais como a defesa, a religião e as relações portuguesas com África
Ernâni Lopes era casado e tinha quatro filhos. Assumiu em 2006 sofrer de um linfoma, que se revelou fatal no dia de hoje.