A crise financeira global e o capital de risco

Recentemente tive a oportunidade de emitir a minha opinião sobre um conjunto de questões que me foram colocadas pela jornalista do Diário Económico Dra. Raquel Carvalho, que pela sua actualidade penso poderem ser uma boa fonte de informação para aqueles que se interessem pela temática do capital de risco e empreendedorismo. Nesse sentido, deixarei aqui algumas dessas opiniões.

 

 

Tendo em conta a conjuntura actual, como caracteriza o sector do capital de risco?

 

‬‪Como nos restantes sectores da actividade económica, também o mundo do capital de risco e das start-ups se encontra a sentir os efeitos da intensa crise financeira global.

Com efeito, a recessão actual está a afectar o desempenho dos Operadores de Private Equity através de vários factores incluindo as valorizações reduzidas, múltiplos de saída mais baixos e oportunidades reduzidas de refinanciamento.

Por outro lado, tem-se estado a verificar um fenómeno preocupante no que diz respeito ao facto das empresas que se encontram à procura de financiamento via capital de risco não serem as habituais start-ups de elevado potencial mas sim empresas que já atingiram vendas consideráveis (3-5 milhões de euros em média) com cerca de 3 anos de actividade – habitualmente apelidadas por "gazelas" – as quais, em condições normais, não teriam que se preocupar com novos rounds de financiamento.‬‪ ‬‪

Com efeito, tornando-se o crédito mais difícil de aceder por parte das entidades bancárias, o financiamento dessas empresas vira-se mais para o capital (equity) cuja procura tem manifestado um crescimento interessante nos últimos meses.‬‪

Ora, este facto ao ocorrer numa altura em que as empresas de capital de risco estão a adoptar, de um modo geral, estratégias mais conservadoras com consequente financiamento de menos negócios, faz com que os investidores que decidam avançar o façam em condições muito mais exigentes para os empreendedores do que tinham sido praticadas em rounds anteriores.

Esta situação, assume proporções mais complicadas quando os empreendedores não conseguem atrair novos investidores para o seu negócio obrigando-os a negociar um novo round com os investidores existentes mas em situações bastante menos favoráveis, dando razão à célebre frase " Cash is King".

Convém, igualmente, referir que nos mercados mais maduros, como é o caso do Reino Unido e da França, se estão a verificar oportunidades interessantes para os Business Angels Profissionais, bem como para alguns Fundos e Investidores de Early Stage, que lhes permite aceder a uma posição no capital accionista deste tipo de empresas (gazelas) beneficiando de avaliações significativamente mais baixas as quais podem atingir valores entre 20-30%.

‬‪Mais recentemente, nos EUA, foram divulgados os resultados de uma sondagem realizada, no primeiro trimestre de 2009, pela Universidade de São Francisco, segundo a qual o grau de confiança dos investidores de capital de risco consultados subiu de 2,77 para 3,03 (1-5), atribuindo-se, em parte, a razão de ser desse optimismo à recuperação recente da bolsa norte-americana.‬‪

 


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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