Ruptura e Ousadia…Precisam-se!!!

 

Apesar de lermos nos meios de comunicação social, cada vez mais textos sobre os temas do Empreendedorismo e do Capital de Risco, a verdade é que se olharmos para o que é feito e não para o que é dito, facilmente concluiremos que o nosso País não tem qualquer sentido de urgência no que diz respeito aqueles importantes vectores de suporte à mudança cultural que Portugal tanto precisa para participar activamente na Revolução do Conhecimento que está a caracterizar o dealbar do século XXI.

 

Neste contexto, urge dar aos jovens empreendedores condições de financiamento para o desenvolvimento das suas ideias através da criação de pequenas e médias empresas inovadoras que, de outra forma, dificilmente seriam apoiadas. A este nível assume particular relevo a criação de um enquadramento fiscal favorável à actividade dos Business Angels bem como a criação de Fundos de Co-investimento entre estes investidores e o Estado, uma vez que os BA ao investirem não só o seu património pessoal mas também o seu tempo, contactos e conhecimentos contribuem para que os empreendedores consigam alcançar o sucesso e consequentemente a criação de riqueza e de postos de trabalho.

 

Por sua vez os empresários e os gestores das PMEs têm de aprender que a gestão se faz com rupturas, com risco e alguma ousadia. A programação e a prudência não fazem a diferença. É necessário alguma inspiração e revelação. A execução eficiente com ordem, rotina e invariabilidade tem de ser complementada com a criatividade e a inovação apesar de estas envolverem a desordem, aleatoriedade, experimentação e fracasso. Explorar fontes de rendimento conhecidas permite às empresas viver para o curto prazo mas o sucesso a longo prazo, num mundo onde o ritmo da mudança continua a acelerar, exige capacidade de perscrutação só ao dispor dos mais criativos e inovadores.

 

Há já alguns anos que sou um entusiasta impulsivo da existência de um clima de inovação como suporte do crescimento económico uma vez que só assim acredito que os nossos empresários conseguirão prosperar nos seus negócios. Mas a questão é: Como é que nos podemos tornar melhor a criar novas ideias e inovações e, depois, começar a produzi-las ou colocá-las em funcionamento? Fracassar com inteligência pode ser a resposta, uma vez que todas as novas ideias têm uma elevada probabilidade de fracasso, mas sem tentar, os sucessos, ainda que escassos, também não serão possíveis.

 

Neste sentido a promoção do fracasso inteligente nas nossas empresas, contando que os mesmos sejam o resultado de ideias inteligentes, bem executadas e com risco controlado torna-se uma boa decisão não só para responder à crise que nos rodeia mas principalmente se queremos sobreviver à próxima tendência financeira ou de consumo.

texto publicado no Diário de Notícias (3/05/09)

por Francisco Banha, Presidente do Grupo Gesbanha e da Federação Nacional das Associações de Business Angels- FNABA


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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