E porque não Empreender?

 

 

A leitura de um artigo do Jornal Público de dia 19 de Setembro suscitou-me uma interrogação e um comentário crítico que partilho convosco.

 

O artigo de Raquel Martins, sob o título “Desempregados menos activos a criarem os seus negócios” refere que dos mais de 690 mil desempregados inscritos nos centros de emprego, menos de 1% deitou mão aos incentivos para a criação do próprio emprego. Sendo esta a realidade, eu pergunto-me porque é que os desempregados inscritos no centro de emprego e beneficiando de apoios não criam as suas empresas!

 

Poderá (re)ler o artigo do Público em http://jornal.publico.pt/noticia/19-09-2010/desempregados-menos-activos–a-criarem-os–seus-negocios-20233572.htm . Quanto ao meu comentário a este artigo, partilho-o de seguida.

 

E porque não Empreender?

 

O jornal Público de Domingo (19/09/2010) chamou a atenção para o reduzido número de desempregados que optam pela criação do próprio emprego. Segundo o artigo, apenas 6387 pessoas de um total de 690 mil desempregados, ou seja, menos de 1%, aproveitaram o apoio do Estado para criar o seu negócio (dados de 2009).

 

Uma rápida pesquisa pelo site do IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) permite constatar que entre a oferta formativa existente e disponibilizada pelas 45 Entidades Formadores que colaboram com este instituto, nenhuma proporciona um curso de Empreendedorismo.

 

É certo que o IEFP proporciona algumas ajudas aos desempregados que querem empreender. No entanto, pelos números apresentados, estas não se manifestam suficientes para contrariar a tendência que, segundo o Presidente do IEFP, traduz a baixa taxa de empreendedorismo em Portugal que se encontra inferior à média Europeia.

 

Mas não tem de ser assim. A existência de mais empreendedores depende essencialmente de duas condições: melhores apoios financeiros/ técnicos e motivação. Sendo a primeira já melhor ou pior respondida com os recursos que o IEFP tem à sua disposição, concentro-me na segunda que tem estado absolutamente ausente.

 

A motivação para empreender começa com o colocar da hipótese – “E se eu criar uma empresa ou o meu auto-emprego?”. Esta é a questão que muitos desempregados não colocam sequer. Por resistência ao risco, por desconfiança na economia, por desconhecimento de como se faz, por desconhecimento das capacidades que têm, são algumas das justificações que podem surgir. Talvez a última seja a mais importante dado que tudo o resto é secundário se cada indivíduo estiver ciente das suas competências e capacidades.

 

Estive há poucos dias nos Açores onde se iniciou um programa de ensino de Empreendedorismo nas escolas do arquipélago. O arquipélago da Madeira, iniciou o mesmo caminho já há 5 anos com um programa, também junto das escolas, que mobilizou 1300 alunos no ano lectivo passado. Várias autarquias do continente iniciaram o mesmo percurso há 4, 3 e 2 anos. Outras começam apenas este ano lectivo mas com o mesmo objectivo – ajudar as crianças e jovens a descobrir hoje que podem ser empreendedoras amanhã!

 

Pode-se pensar que é um trabalho a desenvolver nas gerações mais novas para que a cultura de toda uma sociedade mude no sentido de se valorizar o empreendedorismo e os empreendedores. Felizmente não é e, alguns Institutos de Formação Profissional, começaram a olhar para esta realidade. Em Julho tive o prazer de entregar a dois empreendedores do Porto o prémio do Concurso de Ideias de Negócio do CENFIM (Centro de Formação Profissional para a Indústria Metalúrgica e Metalomecânica). Este centro de formação testou o projecto em 3 dos seus núcleos e vai agora estendê-lo a mais sete em zonas distintas do país.

 

Nunca é tarde para empreender e talvez seja apenas isso que muitos dos inscritos no IEFP precisam de ouvir e experimentar.

 

Francisco Banha

CEO da GesEntrepreneur, Lda

 

Website: www.gesentrepreneur.com


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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