Business Angels em Portugal – Uma Nova Realidade

artigo publicado na revista da Chambre de Commerce et d’Industrie Luso-Française (Nov/2010)

O mercado Francês de capital de risco foi para mim uma inspiração quando em 1999 fundei com Christophe Chausson (Chausson Finance) a Gesventure, a primeira consultora portuguesa especializada em angariação de capital de risco para projectos inovadores.

Interiorizei, na altura, que estimular jovens empreendedores a concretizar as suas ideias e transformá-las em negócios bem sucedidos com o recurso a Business Angels se poderia tornar um dos motores da economia francesa, principalmente nos sectores tecnológicos e na Inovação, uma vez que aqueles possibilitam o crescimento económico, o desenvolvimento da comunidade e a propriedade privada.

A exemplo do que aconteceu no mercado americano, onde os BA americanos apoiaram empresas como a Apple, Intel, Amazon e Yahoo, actualmente referências mundiais mas que em fases iniciais do seu desenvolvimento, foram pequenas empresas como 99% das empresas norte-americanas (e Europeias), também em França era impressionante o fantástico trabalho desenvolvido ao nível dos Business Angels, investidores individuais que aplicam o seu tempo e dinheiro a apoiar empreendedores a fazer afirmar os seus projectos.

Rapidamente “importei” o conceito e criei o Business Angels Club que mais tarde, com outras Associações fundou a Federação Nacional de Associações de Business Angels que conta hoje com mais de 400 BA distribuídos por 10 Associações.

Hoje o cenário é diferente. Continuo a admirar e a seguir a actividade de BA em França – mais de 100.000 BA fizeram investimentos em 2009- investimento mas vejo com satisfação que Portugal é igualmente hoje alvo da atenção de outros países que também constroem o seu caminho no financiamento early stage.

Actualmente os BA Portugueses têm um enquadramento legal próprio e viram pela primeira vez consagrados no Orçamento de Estado de 2010, benefícios fiscais há muito reclamados. Todos os BA, devidamente identificados como tal, podem deduzir à Colecta do seu IRS 20% do valor dos seus investimentos, em projectos inovadores, até ao limite de 15% da citada Colecta.

Adicionalmente, entrou em vigor este ano um Fundo de Co-Investimento com BA no âmbito do Programa COMPETE no âmbito do qual serão constituídas 56 entidades veículo envolvendo 230 BA e possuindo a capacidade de investimento de 43 milhões de euros, até Junho de 2003, em projectos de elevado potencial de crescimento e valorização.

Também na Europa e no Mundo os Business Angels Portugueses têm uma palavra a dizer dada a intervenção activa que desempenham na Associação Europeia (www.EBAN.org) e na Associação mundial (www.WBAA.biz).

Numa altura em que o fomento da capacidade empreendedora e a criação de empresas são vitais para a Competitividade Futura de Portugal é bom saber que os Empreendedores têm agora novas oportunidades para lançar e fazer crescer os seus projectos e os investidores novas formas de encontrar e apoiar essas oportunidades.


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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