Nova Linha de Financiamento a Business Angels

Linha de Financiamento a Business Angels

Linha de Financiamento a Business Angels

Indo de encontro às expectativas criadas nos últimos dois meses acaba de ser tornado público que a Sessão de lançamento da nova Linha de Apoio a Business Angels será realizada no próximo dia 18 de fevereiro, no Auditório da CGD no ISEG, podendo os interessados ter acesso às correspondentes informações e inscrições através da consulta do site da Autoridade de Gestão do COMPETE.

De referir que a presente Linha de Financiamento visa continuar a dinamizar a atividade de Business Angels, que se encontram focados no investimento em projectos empresariais – posicionados nas fases iniciais do seu ciclo de vida mas com potencial de valorização e crescimento – beneficiando, para o efeito, da experiência acumulada proporcionada pela operacionalização da actual “Linha de Financiamento a Business Angels” que à data de 31 de Dezembro passado já tinha permitido o investimento em 91 start-ups no montante global de 16.3 milhões de euros conforme poderá ser visualizado em http://www.pofc.qren.pt/areas-do-compete/financiamento-e-partilha-de-risco/business-angels

Numa altura em que as melhores práticas internacionais recomendam a existência de políticas públicas que permitam dar passos consistentes no encorajamento da iniciativa empreendedora, quer através do lançamento de novos negócios quer na “reciclagem” da riqueza que os empreendedores bem-sucedidos já obtiveram em investimentos que contribuam para que novas histórias de sucesso possam ser contadas amanhã, torna-se extremamente motivador saber que no nosso País existem os instrumentos adequados à implementação dessas recomendações.

Este facto é tanto ou mais importante quanto se sabe que Portugal necessita alavancar o seu crescimento com recurso à inovação – tendo sendo presente resolver necessidades reais pois só assim se pode ter sucesso – e que uma das melhores formas de o fazer é através do lançamento de start-ups, que conseguem semear a semente, desde que estas possuam o capital para crescer e os conselhos de quem o sabe ou permite fazer.

Aliás e como nos ensina Ricardo Hausmann, num excelente artigo publicado no passado dia 11 de Janeiro no Expresso, o desafio não consiste em escolher alguns vencedores entre as indústrias existentes, mas antes em facilitar a emergência de mais vencedores por alargamento do Ecossistema de negócios e capacitar o seu apoio a novas actividades.

É dentro deste espírito que defendo, há já vários anos, que no actual mundo globalizado em que vivemos são os Ecossistemas Empreendedores que competem e não as empresas existindo por isso uma evolução nas ideias transmitidas, no decorrer dos anos oitenta, pelo guru da Estratégia, Michael Porter, quando na altura afirmava que são as empresas que competem e não os Estados.

Com a dinamização desta nova de Linha de Financiamento para Business Angels acredito que se possam potenciar os bons resultados alcançados até ao momento pela Comunidade Portuguesa de BA no financiamento e sustentabilidade das novas start-ups pois os Business Angels significam muito mais do que investir alguns euros em novos negócios.

De facto não sendo Capital de Risco, mas sim algo muito mais abrangente e intenso- dado que cada um de nós está realmente envolvido e de forma activa no suporte aos empreendedores- torna-se fundamental que o efeito demonstração proporcionado pelos investimentos realizados em mais de 90 start-ups seja interiorizado por muitos empreendedores e investidores e consequentemente gerador de novos investimentos. As “armadilhas”, no arranque dos negócios, são frequentes e a nossa experiência empresarial é crítica para as ultrapassar e consequentemente diminuir o número de insucesso das start-ups portuguesas.

Tenho consciência de que o crescimento económico em Portugal passa por uma maior actividade na área do financiamento early stage – acredito mesmo que todos nós enquanto actores do Ecossistema Empreendedor nacional devemos sentir algum peso na consciência pelos fracos resultados alcançados em termos de criação de riqueza na Sociedade Portuguesa- e nesse sentido antevejo que este fantástico instrumento de dinamização empresarial irá contribuir para que mais start-ups possam sobreviver e que algumas delas possam, certamente, prosperar e atingir um nível que possa ter impacto, efectivo, na nossa Sociedade.

Naturalmente que as start-ups podem e devem fazer muito pelo nosso País mas certamente que as mesmas não salvarão Portugal se continuarmos a associar a criação de start-ups à resolução dos problemas que o nosso País se debate com o desemprego.

Devemos e temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para beneficiarmos da enorme capacidade de criação de valor, quer para os consumidores quer para os seus accionistas, que as empresas tecnológicas possuem e para isso torna-se importante quebrar o mito existente de que Portugal não tem capacidade para criar start-ups que se possam transformar em empresas com ambição à escala global.

Precisamos para que tal aconteça de mais empreendedores e de mais empresários, nomeadamente com uma forte componente de Business Angels, que sejam capazes de sair das suas zonas de conforto e assumam os riscos da iniciativa empresarial de maneira a que não só possam ter acesso às correspondentes mais-valias mas principalmente para que contribuam para a criação de riqueza e consequentemente para o bem-estar das nossas gentes.

Ao estar a dinamizar e a criar este importante Instrumento de suporte ao “jogo da criação empresarial” o Governo está a exercer de uma forma correcta o seu papel de fomento da associação pública-privada uma vez que proporciona condições actractivas, quer do ponto de vista dos capitais afectos quer da assimetria de ganhos estabelecidos, para que os Business Angels e por via destes os empreendedores que a estes recorram, possam contribuir para impulsionar o ritmo da recuperação económica que tanto necessitamos.

Em face do exposto espero que – a exemplo do que ocorreu na primeira Linha de Financiamento para Business Angels na qual se estimava que fossem apresentadas 20 candidaturas para um montante inicial de 10 milhões de euros e que terminou com a selecção de 54 candidaturas, promovidas por mais de 200 Business Angels, que fez elevar o valor da Linha de Financiamento para 28 milhões de euros – a Comunidade portuguesa de Business Angels ocorra em força ao lançamento desta nova Linha de Financiamento e que possa contribuir com o seu “Smart Money” para, no mínimo, para a citada recuperação Económica.

Por último não poderia deixar de terminar sem reconhecer publicamente, em todo o processo de implementação da actividade de Business Angels, no nosso País, o Programa Compete e os seus responsáveis, os quais conjuntamente com a Administração e Equipe da PME Investimentos e da Caixa Capital, têm sido um pilar fundamental na emergência da Comunidade nacional de Business Angels, assumindo por isso responsabilidades claras na sua afirmação junto da Sociedade Portuguesa mas também junto dos seus pares internacionais conforme o demonstra o facto de a FNABA liderar, desde 2012, a Associação Europeia de Business Angels e fazer parte da Direcção da Associação Mundial de Business Angels.


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels"). Director da EBAN e da WBAA

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