Web 2.0 ainda não passa de promessa, dizem especialistas

 

in TIInside, 27/05/08

 

Apesar da tendência ascendente da web 2.0, como são chamados os sites em que os próprios usuários são responsáveis por criar e organizar todo o conteúdo, as empresas que ingressaram nessa onda até agora pouco conseguiram produzir em termos de receitas, embora ela venha causando mudanças significativas no comportamento do usuário da internet, de acordo com alguns empresários e financiadores por trás desse movimento.

A escassez de receitas entre as redes sociais, blogs e outros sites de "mídia social" tem persistido apesar dos mais de quatro anos de experimentação das empresas. A desaceleração econômica nos Estados juntamente com as aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) das empresas pontocom cada vez mais à míngua tem pesado no humor dos investidores em relação às start-ups de internet.

“Vai haver uma sacudida no mercado aqui [nos EUA] nos próximos um ou dois anos, que fará com que muitas empresas web 2.0 desapareçam”, disse Roger Lee, parceiro da empresa de capital de risco Battery Ventures, em declaração ao jornal britânico Financial Times.

"As condições macroeconômicas são desafiadoras", completou Shawn Hardin, CEO da Flock, fornecedora de um navegador para internet que obteve US$ 15 milhões de investimento de capital de risco na semana passada.

Ainda que o ciclo dos fundos de capital de risco não tenha parado por completo e as empresas de internet continuem em alta nas avaliações de investimentos, o terreno está ficando cada vez mais congestionado. "Se você olhar para algumas avaliações, você se pergunta em qual fantasia as receitas estão baseadas", disse Mitchell Kertzman, parceiro no Vale do Silício, na Califórnia, da empresa de capital de risco Hummer Winblad.

Por isso, as start-ups ainda têm de construir sólido modelo empresarial. Mesmo os casos de sucesso como o Twitter, o microblog de serviço para postagem de pequenas mensagens – não superiores a 40 caracteres – e que se tornou a nova febre da internet, ainda têm de encontrar uma forma de fazer dinheiro. Mas a sua rápida aprovação pelos usuários é vista como um sinal de que ele irá ser bem-sucedido.

Outros recentes negócios de capital de risco, que obtiveram aporte de cerca de US$ 500 milhões, são a Slide, fabricante de widgets, microprogramas usados para mostrar algum tipo de informação ou conteúdo, e a Ning, uma rede social fundada por Marc Andreessen, o co-fundador da fabricante do navegador Netscape.

Apesar de as empresas web 2.0 ainda não estarem gerando o volume esperado de dinheiro, a tendência, com as mudanças de comportamento na internet que o novo conceito encarna, é se tornar um fenômeno duradouro. "As capacidades que estão vindo com a web 2.0 são muito profundas", disse Devin Wenig, chefe da divisão de mercados da Thomson Reuters. "O Vale do Silício normalmente acerta e geralmente é precoce." Da Redação

 


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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