Mais um artigo do meu amigo Rui:
Rui Moreira de Carvalho
Docente universitário
Publicado no Diário de Notícias dia 28/11/08
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A forte turbulência nos mercados financeiros nas últimas semanas oferece um desafio aos empresários. Em contraponto à dificuldade no controlo da volatilidade cambial e no custo e disponibilidade de capital, identificam-se oportunidades nos negócios baseados em novos paradigmas. Assim, renovados players internacionais devem emergir. A experiência pode sugerir algumas pistas de actuação, nomeadamente:
1. Conheça as suas capacidades e competências. Vá para um novo mercado se for competitivo no (seu) mercado doméstico. Procure compreender as culturas locais; veja se tem capacidade de conviver com as mesmas. Respeite, e faça respeitar as culturas. A integridade gere confiança.
2.
Escolha a equipa de gestão, identificando com clareza a sua liderança. No início, a gestão deve ser realizada por um dos seus melhores colaboradores tendendo à sua substituição, gradual, por funcionários locais. Clarifique as suas perspectivas de carreira dentro da empresa-mãe impulsionando uma confiança recíproca.3.
Comece pelo que sabe fazer bem. Não salte etapas. Não disperse os seus recursos. O risco deve ser sempre quantificado. Peça apoio a instituições especializadas para analisar o projecto.4.
Escolha uma marca e um canal de distribuição de acordo com o mercado: A marca “Magalhães” pode ser um mau exemplo de um produto que deseja entrar no mercado global. Tente dizer o seu nome em inglês, ou em francês?5.
Promova a inovação. Seja pró-activo: surpreenda. Os nichos de mercado são de difícil acesso. Se conseguir conquistá-los, construa logo a sua defesa através da incorporação constante de inovação e melhoria da qualidade. Com uma posição competitiva estará em vantagem e poderá preparar-se para a chegada de concorrentes que não têm que ser, necessariamente, considerados como adversários.6.
Reavalie o projecto. Não confunda sintomas (fraco desempenho) com causas (falta de recursos, conhecimento e processos complicados de aprovação). Uma vez envolvido, retirar-se do mercado pode não ser fácil. Mas não hesite em fazê-lo se não estiver preparado para aguentar com os prejuízos.7.
Fomente a dimensão e a sustentabilidade de recursos económicos. O projecto necessita de tempo para se afirmar. Pretenda uma estrutura accionista estabilizada e com elevada participação de capitais próprios. Isto permite solidificar a fase de aprendizagem.8.
Promova um plano de contingência. É insensato arriscar sem estar preparado. Se não tiver a informação no momento certo, será vencido. Nos ápices de crise, a serenidade é um dos principais aliados.9.
Amplie a comunicação. Ouça! A comunicação interna, e com o exterior, é fundamental. A comunicação social local pode ser um aliado do seu projecto. Acções de responsabilidade social oferecem uma perspectiva amiga ao projecto.10. Desenvolva parcerias de ganho mútuo, formais e informais, inovadoras, com os seus funcionários, com a sociedade civil, com as instituições de ensino, com os concorrentes, etc., para mitigar riscos e alavancar as capacidades e competências.
Quando surge a turbulência, é necessária paciência. Daqui advém a serenidade, berço da esperança. Acredite no seu esforço. Investir no estrangeiro deve ser uma etapa do processo de crescimento da sua empresa.
Rui Moreira de Carvalho
Docente na Universidade Lusófona
Infelizmente muitas empresas em fase de internacionalização desconhecem, ou melhor ignoram, regras básicas a cumprir.
A definição de uma marca global, dos canais de distribuição, a ausência de planos de contingência , a aversão às parcerias locais ou internacionais, tudo isto reflecte a insuficiente preparação de muitos dos nosso empresários e gestores.
Por outro lado, a falta de confiança, a pouca delegação de responsabilidades e competências, acabam por minar muitos projectos de internacionalização.
Obrigado.