O Capital de Risco foi uma área que, desde cedo, me despertou o interesse profissional e, praticamente, desde o arranque, em 1986, da minha primeira empresa, a Gesbanha – Gestão e Contabilidade, S.A., empresa dedicada à prestação de serviços de outsourcing nas áreas da informação para a gestão, contabilidade e recursos humanos, que tenho investido muito das minhas energias no desenvolvimento deste sector em Portugal.
Este processo culminou, em 1999, com a criação da Gesventure – a primeira venture catalyst portuguesa, ou seja, uma empresa dedicada à angariação de capital de risco contribuindo assim para o desenvolvimento do capital de risco em Portugal e para a criação de empresas de raiz e/ou expansão das já existentes.
Desde cedo percebi que este mercado, em Portugal, estava realmente distante, ao nível do conceito, do que se passava noutros países, nomeadamente nos EUA, Inglaterra e França:
• Pouca “cultura de risco” dos operadores institucionais (Sociedades de Capital de Risco/ Fundos de Capital de Risco);
• Conceito de financiamento, através de capital próprio, praticamente desconhecido junto da comunidade empresarial;
• Fraca cultura empreendedora;
• Regime fiscal pouco favorável;
• O Capital de Risco que existia era mais “Private Equity” do que propriamente “Venture Capital”, ou seja, as Sociedades de Capital de Risco existentes eram pouco receptivas a apoiar projectos nas fases iniciais (Capital Semente e Startups).
Desta forma, através da Gesventure, procurei colmatar o deficit que um empreendedor comporta no momento em que decide angariar capitais para o desenvolvimento do seu projecto, em detrimento da prática reiterada do investidor que irá efectuar a análise e avaliação do seu projecto.
Este deficit, evidenciado pelo empreendedor, sobretudo ao nível da ausência de experiência, de especialização, de conhecimento e de prática, poderá revelar-se, para si próprio, penalizador, ao diminui-lo, via de regra, sobretudo na escolha dos investidores, nas negociações com estes estabelecidas e na correcta valorização do seu projecto.
O papel da Gesventure, em todo o processo de angariação de capital por parte dos Empreendedores, traduz-se em actuar para que o citado deficit diminua, acompanhando-os e prestando-lhes apoio ao longo das diversas etapas, que os referidos processos envolvem: realização do plano de negócios, selecção do investidor, valorização dos seus activos intangíveis, montagem financeira da operação adequada ao projecto, apoio na elaboração e negociação do acordo parassocial e fecho das negociações.
Paralelamente à Gesventure, e de forma a tentar minimizar o “equity gap”, ou seja, a falta de financiamento que todos os projectos, em inicio de vida, enfrentavam, dado que as Sociedades de Capital de Risco existentes não eram solução, decidi trazer para Portugal a figura do business angel e tentar evangelizar a sociedade para este conceito já com provas dadas, nomeadamente nos EUA e noutros países europeus.
No ano 2000, criei o primeiro clube organizado de Business Angels que reunia cerca de 15 pessoas da minha confiança, com muita experiência empresarial e com capacidade financeira para apoiar projectos de raíz.
O Business Angels Club, actualmente com 60 associados, tem vindo a possibilitar a apresentação de projectos, previamente seleccionados, ao citado grupo de investidores, com o objectivo de se obter financiamento para a sua concretização e desenvolvimento. Estes rounds de financiamento, junto dos Business Angels, tem vindo a proporcionar uma maior possibilidade de êxito, junto das Sociedades de Capital de Risco, para novas fases de angariação de financiamento e de desenvolvimento dos projectos.
A actividade desenvolvida pelo nosso Clube criou um efeito de demonstração transversal a todo o território português que potenciou a criação, em 2006 e 2007, de mais 8 Clubes de BA regionais os quais vieram a dar origem à FNABA- Federação Nacional de Associações de Business Angels, à qual presido.