O termo Business Angel, felizmente, já é familiar a um grande número de
empreendedores portugueses. Nos últimos anos, sobretudo, o número destes
investidores tem crescido, em parte devido à criação de nove Associações de
Business Angels, espalhadas pelo país.
De facto, este movimento pro-activo da sociedade civil culminou com a
criação da Federação Nacional de Associações de Business Angels (FNABA) a
qual tem ajudado a promover esta importante actividade não só em Portugal
como no resto do Mundo, através da recente criação da Associação Mundial de
BA (www.wbaa.biz) de que a FNABA é co-fundadora e membro da sua direcção.
Após o reconhecimento, em 2007, da figura jurídica do Investidor em Capital
de Risco (termo oficial para a expressão anglo-saxónica Business Angel) os
BA recebem agora, através do Programa COMPETE, um efectivo impulso com a
criação de um novo Instrumento de investimento de negócios em fase de
early-stage constituído em 10 milhões de euros por recursos públicos e 5
milhões de euros por parte deste tipo de investidores privados.
Na prática, o impacto positivo deste Fundo de Co-investimento vai-se sentir
tanto no aumento do número de BA disponíveis para investir como no aumento
do número de projectos financiados. Na indústria de capital de risco diz-se
que em cada 10 projectos financiados, o sucesso de um paga o investimento
realizado nos outros nove. Esperamos que as dezenas de investimentos que
porventura venham a ser realizados permitam gerar os casos de sucesso
suficientes para que possamos ver a indústria de capital de risco a virar a
sua atenção para este tipo de investimentos.
Portugal dispõe já de inúmeros factores essenciais para o lançamento de
empresas tecnológicas de âmbito internacional. Temos Universidades,
Incubadoras, ninhos de empresas, internet de alta velocidade, empresa na
hora, auto-estradas e aeroportos, imprensa especializada, ou seja, tudo o
que contribui para um verdadeiro Ecossistema Empreendedor.
Contudo, é importante não esquecer o financiamento nomeadamente dos
projectos que visam satisfazer nichos de mercado nas áreas das ciências da
vida, equipamentos médicos, TIC, Internet e energias renováveis.
De facto os investigadores não são por tradição milionários, os bancos não
financiam projectos sem garantias reais ou avalistas e as SCR dificilmente
investem, muito menos em ideias que estão ainda no papel, sem que os citados
projectos possuam alguns BA com quem possam partilhar o risco.
Por esse motivo, é essencial que o capital exista. Que para além dos
familiares, amigos e tolos (friends, family and fools), existam investidores
conscientes dos riscos que tenham experiência na gestão, que conheçam bem o
sector ou os canais de distribuição e que, no fundo, assumem tanta paixão
pelo desafio do projecto como os próprios empreendedores.
O citado Fundo de Co-investimento ao ter por objectivo contribuir para que
as empresas, em particular as mais novas e de menor dimensão, desenvolvam as
suas estratégias de inovação, de crescimento e de internacionalização, faz
pressupor que os jovens empreendedores com projectos bem sustentados, possam
ter a esperança de que o futuro a curto prazo trará ventos de mudança
favoráveis ao nível do financiamento.
Espero, por isso, que esta Iniciativa, de apoio a novos investimentos, venha
a ser um verdadeiro êxito pois tal significará que estaremos a contribuir
para a criação e arranque de novas start-ups, de reconhecimento
internacional, que ajudem a colocar Portugal no mapa mundial da inovação.