Expectativa vs Ansiedade…

Estratégia

Estratégia

Numa altura do ano em que uma parte significativa dos portugueses goza, ainda, o seu habitual período de férias sente-se, paradoxalmente, uma forte expectativa sobre os resultados que poderão advir para o nosso País do trabalho que, neste mesmo momento, se encontra a ser desenvolvido por parte daqueles que recentemente chegaram ao Governo, nomeadamente na área Económica.

De facto não é difícil de imaginar o número de reuniões que diariamente se realizam, de cenários que se criam e ou mesmo alterações que se tornam necessário realizar tendo em vista ultrapassar obstáculos que dificultam a iniciativa empresarial quer estes resultem dos designados custos de contexto quer da inexistência, ou falta de conhecimento dos mesmos diria eu, de mecanismos de fomento à citada iniciativa empresarial.

Todos sabemos que as mudanças provocam sempre, apesar das contínuas desilusões com que nos deparamos posteriormente, grandes expectativas por parte dos “governados” e de muita ansiedade por parte dos “governantes”.

Neste ambiente, que infelizmente se vai repetindo com cada vez maior frequência, de rotação de lugares e inerentes ambições de quem chega de novo, recordo-me sempre de quem me ensinou que querer ser Feliz não custa o que custa é saber como podemos ser Felizes.

Recorro a esta analogia para tentar passar a mensagem de que mais importante do que tentar identificar, mais uma vez…, os “cinco vectores” mais importantes para colocar a economia nacional a crescer, os “4 sectores” mais relevantes para a criação de milhares de empregos ou ainda a fusão de mais “4 Institutos/Sociedades com maioria accionista por parte do Estado” com vista a obter poupanças de alguns… milhares de euros, será ter a coragem para, deixar de lado a ambição de vir a ser considerado um grande “génio” da economia e implementar de imediato um conjunto de iniciativas que privilegiam a concretização de algumas politicas públicas anteriormente pensadas e que possam ter um impacto imediato na economia sem que a isso esteja inerente milhões de euros de despesa ou investimento ou mesmo meses de reflexão e concepção do novo “ovo de colombo” das politicas publicas de apoio à…criação de emprego e ao…crescimento económico!

De facto contrariamente ao que muitos especialistas têm defendido, quer estes sejam ilustres economistas quer competentes “opinion makers”, neste momento o problema não está em apresentar mais uma série de programas, propostas, ideias, planos, livros brancos ou verdes, mas sim em dar o passo seguinte na aplicação transversal por toda a nossa Sociedade, das melhores propostas que têm sido apresentadas por parte dos representantes da Sociedade Civil, Empresarial, Profissional, Académica, Associativa, Cientifica, sempre que estes foram chamados a pronunciar-se junto dos anteriores responsáveis pelas diversas áreas governamentais.

Naturalmente que aqui chegados muitos de vós deve estar a pensar mas que ideias são estas que o Francisco está a dar a entender que existem e não têm sido passado à realidade se não é um problema de dinheiro ou de existência de recursos e poderiam pela sua importância contribuir para uma Sociedade mais competitiva e justa?

Obviamente que a resposta não pode ser transmitida só por mim e muito menos neste tipo de meio que se pretende curto e objectivo – e já vai bem longo este texto… – mas sim por todos aqueles que como eu têm contribuído ano após ano, para a implementação de um conjunto de medidas que visem melhorar as ineficiências dos programas existentes os quais apesar de serem os indicados não se encontram, por exemplo, adaptados às necessidades que sabemos existirem por satisfazer.

Limito-me por isso a recordar de forma breve e telegráfica algumas das ideias que tenho transmitido e que ainda não passaram disso mesmo:

(i) Implementar a autorização legislativa que o Orçamento Estado contém de atribuir um benefício fiscal de 20% aos BAngels que invistam até 50.000 euros – em Inglaterra esse valor é de mais de um milhão de libras…- em empresas com menos de três anos de existência.

(ii) Promover através de uma Campanha Multimeios o Ecossistema Empreendedor Português dando a conhecer à nossa Sociedade os seus Actores de uma forma integrada e transversal.

(iii) Introduzir critérios de financiamento das Universidades e Institutos Politécnicos baseados no número de empresas que os seus Professores e Alunos criaram ou ajudaram a criar em detrimento do modelo existente de financiamento baseado no critério do número de alunos que essas Universidades e Institutos possuem.

(iv) Monitorizar e Avaliar, através da participação em Comités de Investimento na qualidade de observadores, trimestralmente o desempenho dos Fundos de Capital de Risco que tenham recebido fundos do estado e/ou comunitários.

(v) Criar a obrigatoriedade de efectuar um press release ao mercado sempre que seja realizado uma operação de investimento por parte do Fundo de Co-Investimento com Business Angels e/ou de Fundos de Capital de Risco que possuem fundos públicos.

(vi) Introduzir a obrigatoriedade de todos os Concursos de Planos de Negócios, promovidos por fundos públicos…a generalidade dos mesmos têm essa particularidade, terem de “alimentar” uma base de dados que possa posteriormente ser consultada publicamente principalmente por todos aqueles que gostariam de lançar o seu empreendimento mas que não possuem condições para o fazer ou porque não tem equipe, ou porque não tem meios técnicos ou porque simplesmente nem sabem por onde começar.

(vii) Divulgar de uma forma massificada as condições de adesão ao Programa Micro-Invest – apoia a criação de negócios até aos 20.000 euros, possuindo 15Milhões de euros de dotação- e do Invest+ – apoia o lançamento de negócios entre os 20mil e os 200mil euros, possuindo uma dotação de 85 milhões de euros – começando por criar uma base de dados pública que permita conhecer o número de projectos que já foram apoiados até ao momento.

(viii) Promover junto das Autarquias, Escolas e Agrupamentos de Escolas, Federação de Pais, Federação de Professores entre outras Entidades, as vantagens de implementar Programas de Desenvolvimento de Atitudes Empreendedoras por parte dos seus Alunos, dando a conhecer projectos similares que têm vindo a ser realizados ao longo do País bem como as fontes de financiamento que existem para o efeito e que permitem a citada operacionalização através de valores residuais.

(ix) Criação de um Fundo de Co-Investimento dirigido à Comunidade de Empresários portugueses residentes nos principais destinos da Diáspora Portuguesa permitindo com a sua experiência empresarial e capacidade financeira apoiar a expansão das start-ups portuguesas que têm sido financiadas pela nossa Comunidade de Business Angels.

(x) Supervisionar com caracter proactivo – acompanhamento quinzenal no mínimo – e numa perspectiva integrada o cumprimento das acções que os diversos actores do Ecossistema Empreendedor Português se comprometeram a desenvolver, beneficiando para o efeito da concessão de fundos públicos, no âmbito das missões a que cada um deles se dedica.

Boa Sorte para Todos e principalmente para aqueles que se encontram nos Gabinetes do Governo a preparar as “próximas” Políticas Públicas de apoio ao crescimento económico e à criação de emprego fazendo votos para que as expectativas criadas não venham mais uma vez a sair defraudadas pois o País e os Portugueses não merecem que tal aconteça!


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels"). Director da EBAN e da WBAA

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