Como vejo 2017?
Eis o meu contributo para o trabalho que o Jornal Negócios voltou a realizar neste último dia útil de 2016.
Com a economia europeia num ponto bastante crítico – o crescimento económico continua a ser bastante anémico, as pressões migratórias e os recentes ataques terroristas na Europa revelam fraquezas nas políticas de controlo e segurança das suas fronteiras- e o comércio mundial a registar um abrandamento, em particular pelo aumento do protecionismo, considero ser cada vez mais difícil mantermos o bom estado dos nossos sistemas de providência e modelos sociais pois a estagnação económica e social vieram para ficar.
Mesmo sabendo que as diversas instituições europeias possuem um papel decisivo na criação de condições que alavanquem o investimento não posso deixar de realçar a importância das decisões políticas, ao nível de cada um dos estados membros, que possam contribuir para a criação de emprego, nomeadamente no encorajamento dos empresários a abrirem-se ao mercado global, na captação do interesse dos investidores estrangeiros e na dinamização de estímulos a que os estudantes e licenciados lancem as suas startups.
Sabendo que são as empresas que criam empregos e que o contexto económico em que vivemos não nos permite pensar no regresso das fábricas com centenas de empregos nem no governo como gerador de novos empregos, então torna-se necessário para além da mudança política assumir a necessidade de uma alteração de mentalidade.
A mudança que se pretende pressupõe que sejam desenvolvidas e implementadas políticas e ações que contribuam para a criação de uma atitude positiva dos vários atores da sociedade portuguesa em relação ao impacto da economia digital, principalmente ao nível do emprego.
Gostaria por isso de ver do lado das políticas públicas medidas que possam, voltar, a incentivar reformas que tornem o mercado de trabalho e a oferta educativa mais ajustadas às necessidades do tecido empresarial. Aumentando, nomeadamente, a massa critica de jovens portugueses com apetência para correr riscos e assumir o desejo de estarem associados à conceção e construção de novos produtos e serviços. Estes, sendo desejados por milhões de utilizadores, poderão proporcionar ao povo português um aumento do seu nível de riqueza e bem-estar económico e social.
Para o efeito – uma vez que esta mudança dificilmente ocorrerá junto daqueles que já se encontram “formatados” em modelos de desenvolvimento próprios das exigências do século passado – parte dessas políticas e das correspondentes ações têm de abranger o sistema educativo e particularmente os seus principais atores ou seja os professores nomeadamente através da sua capacitação para promover junto dos seus alunos, princípios, processos e a paixão pelo empreendedorismo.