O Pai da Economia Moderna: Paul A. Samuelson (15.5.1915-13.12.2009)

O pai da Economia Moderna, Paul Anthony Samuelson, faleceu ontem aos 94 anos na sua casa em casa em Belmont, Massachusetts.

Professor do MIT- Massachusetts Institute of Technology desde 1940, foi o primeiro americano a receber o Prémio Nobel da Economia, em 1970.

Quando foi distinguido com o Nobel, no segundo ano em que se entregou o prémio, a Academia sueca justificou a escolha pelo facto de Samuelson "ter feito mais do que qualquer outro economista contemporâneo para aumentar o nível de análise científica da teoria económica". Ao longo da sua carreira de várias décadas – em 2000 ainda estava no activo -, o economista sempre defendeu a importância da matemática para a análise económica.

Samuelson lançou em 1948 a obra que o consagrou e pela qual é conhecido do público em geral, Economics (Economia)- é o manual mais lido e traduzido em todo o mundo, com mais de 4 milhões de cópias vendidas, em 40 idiomas e que já vai na 19ª edição. Qualquer estudante ou profissional de ciências sociais e económicas da segunda metade do século XX estudou a partir desta “Bíblia”.

De ascendência polaca e oriundo de uma família judaica abastada, Samuelson nasceu em 1915 na cidade de Gary, no Estado americano de Indiana. A sua primeira esposa, a economista Marion-Crawford Samuelson, faleceu em 1978. Samuelson casou-se novamente em 1981 com Risha Samuelson. Deixa seis filhos e 15 netos.

Ingressou na licenciatura em Economia aos 16 anos, mas o jovem Paul despertou para os problemas económicos depois de o seu pai ter perdido parte significativa do património familiar nos anos pós-I Guerra Mundial. Ainda no liceu, começa a estudar o mercado accionista. A tal ponto que, no boom bolsista dos anos 20, é ele quem faz a lista de investimentos do seu professor de Álgebra.

Samuelson ou “PAS”, como se chamava a si mesmo, estudou na Universidade de Chicago e realizou o mestrado e doutoramento na Universidade de Harvard. Nesta última universidade, em 1947, desenvolveu uma tese que viria mais tarde a publicar, sob o título de Fundamentos da análise económica e que lhe garantiu o Prémio de melhor tese da Universidade de Harvard sobre Economia.

Na Universidade de Chicago conhece Milton Friedman, dando início a um dos mais titânicos combates intelectuais do século XX. Mesmo discordando de quase tudo, Samuelson e Friedman mantiveram-se amigos.

Principiou a sua carreira como professor no MIT em 1940 e desde aí que estabeleceu uma longa e profícua parceria com a universidade, que tornou seu curso de Economia famoso no mundo. Foram seus alunos expoentes de peso da Economia actual, como Paul Krugman e Joseph Stiglitz, ambos vencedores do Nobel. Ben Bernanke, Presidente da Reserva Federal Americana (FED), Christina Romer, Directora do Concelho de Assuntos Económicos da Casa Branca, entre muitos outros foram alunos deste génio da Economia.

No nosso país, ex-ministro da Economia, Luís Campos e Cunha, foi aluno do mestre Samuelson e o antigo ministro das Finanças Braga Macedo, conheceu-o pessoalmente.

«Foi o pai da moderna teoria económica, tem contribuições decisivas em praticamente todas as áreas da economia, nas finanças públicas, no comércio internacional e, portanto é de facto um dos grandes economistas de todos os tempos», destacou Luís Campos e Cunha.

O “titã da Economia”, foi conselheiro dos presidentes norte-americanos John F. Kennedy e Lyndon Johnson. Depois de ter sido eleito em 1960, o presidente democrata Kennedy pediu 40 minutos com o professor. Antes, um almoço a bordo de um iate que desiludiu o economista: "Esperava uma refeição sumptuosa mas comemos salsichas com feijão"- revelando o seu lado divertido.

Alongo das suas oito décadas de carreira, escreveu centenas de artigos e teve uma coluna de opinião durante anos na revista Newsweek.

Como muitos de sua geração, Samuelson era um seguidor do economista britânico John Maynard Keynes, que propôs que as nações precisam de um governo intervencionista, capaz de estimular baixas taxas de desemprego através da política fiscal e monetária, mesmo que isso signifique a ocorrência de déficits ocasionais.

Para uma economia moderna na era pós-Keynesiana, as políticas fiscais e monetárias podem definitivamente prevenir depressões crónicas", escreveu Samuelson, em 1970.

Notavelmente versátil – "tinha a agilidade de um Nijinsky e a endurance de um corredor de corta-mato", como escreve o "The New York Times" -, Samuelson remodela o pensamento académico: "A matemática já era usada pelos cientistas sociais, mas Samuelson trouxe a disciplina para o mainstream, mostrando como chegar a sólidos modelos teóricos a partir de simples assunções matemáticas."

"Paul Samuelson transformava tudo o que tocava: os fundamentos teóricos de sua área, o modo como a economia foi ensinada em todo o mundo, as práticas de investimento do MIT, e as vidas de seus colegas e alunos", disse Susan Hockfield, Presidente do MIT, ao comunicar a morte de Paul Samuelson.

O funeral será reservado aos familiares, mas o MIT prepara uma homenagem ao seu académico mais conhecido, que deu a conhecer a Economia ao mundo.

Fontes: Público, Jornal I, Sapo, Wikipedia

 


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels") e Presidente da FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). Director da EBAN e da WBAA

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