Empresários vs Investimentos Sustentáveis

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Apesar dos tempos de crise económica, ambiental e social os empresários devem pensar não só nos problemas que as suas empresas enfrentam (comportamento aleatório do consumidor, margens de lucro reduzidas, aumento de impostos, etc…) mas também nos problemas de sustentabilidade do planeta.

Na realidade, em breve a população mundial chegará aos nove mil milhões de habitantes e se não investirmos em soluções sustentáveis, os especialistas indicam que se torna necessário possuir não um mas sim três planetas. Novas oportunidades terão assim de surgir nomeadamente ao nível da segurança alimentar, biomedicina ou energias verdes.

Como Business Angel, mas também na qualidade de Presidente da FNABA, director da EBAN e da WBAA, tenho tido a oportunidade de partilhar experiencias com dezenas de outros BA que me permitem afirmar que as motivações que se encontram por detrás de um BA estão para além da obtenção do lucro.

Na realidade, se como investidores olhamos para retornos de longo prazo e alto potencial, no momento da decisão o verdadeiro incentivo é maioritariamente filantrópico uma vez que na sua generalidade os BA estão realmente dispostos a devolver à comunidade parte da riqueza que esta lhe proporcionou, contribuindo para um mundo melhor em particular para a sua geração futura.

Por sua vez sou dos que acredita que a maioria das empresas, especialmente as pequenas, só sairão da crise tornando-se competitivas e para isso terão de recorrer a novas tecnologias, novas inovações, novos negócios e, claro, a capital que não têm.

Torna-se, por isso, necessário chamar a atenção dos empresários para a importância de assumirem o papel de investidores BA e consequentemente beneficiarem das oportunidades que os Clubes de BA lhes podem proporcionar através das relações privilegiadas que possuem com todos os agentes do Ecossistema Empreendedor como são o caso das Incubadoras, Parques Tecnológicos, Aceleradoras, Fundos de Capital de Risco, Fundos de BA, Universidades, Centros de Transferência de Tecnologia, etc.

Aceder ao citado Ecossistema é estar em contacto com uma nova geração de empreendedores bem preparados nas vertentes científica e criativa, mas também com profundas falhas na criação de produtos e serviços capazes de preencher as necessidades de um mercado com exigência e concorrência extrema.

Na realidade, os empreendedores adoram as fases iniciais de uma empresa. Equipas pequenas com ambição de criarem um produto totalmente novo, através de tecnologias ou conceitos de negócios completamente disruptivos… mas muitas vezes esquecendo-se que o segredo está na forma como devem agarrar numa “nova ideia” e implementá-la no mercado.

A principal questão de atrair um BA para um novo negócio passa não só por ter acesso ao seu capital mas fundamentalmente às suas aptidões e experiências, que se encontram afastadas dos jovens empreendedores, que certamente serão essenciais para que o negócio se possa tornar escalável.

Por sua vez ao assumirem o papel de BA os empresários podem reviver o entusiasmo associado à criação de uma nova empresa, especialmente na área do “Impact Investment” no qual a perspectiva de retorno apesar de moderado tem no entanto um potencial muito elevado ao nível do designado “Triple-Bottom Line Impact” ou seja financeiro, social e ambiental.

Um bom exemplo deste tipo de investimento foi nos dado pelo projecto “life straw – um filtro de água portátil” que tinha como potencial salvar milhões de vidas uma vez que a tecnologia adoptada permitia que fosse suficientemente barato para ser vendido em qualquer região do globo.

Como BA também me envolvi numa start-up, com um grande valor filantrópico, cujo principal objectivo passou por publicar materiais inovadores para aprendizagem da língua inglesa por parte de crianças muito jovens.

Obviamente é o tipo de projecto onde um BA está primeiramente à procura de um alto impacto social, apesar de ainda assim esperar um grande retorno de capital (mesmo que seja apenas a longo prazo).

Transformar o mundo num lugar melhor está nas nossas mãos, mesmo que isso não signifique recompensas menores mas simplesmente uma abordagem diferente.


Licenciado e Mestre em Gestão de Empresas. Presidente da Gesbanha, S.A., especialista em capital de risco e empreendedorismo, investidor particular ("business angels"). Director da EBAN e da WBAA

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